Há uma combinação singular que faz da Expointer, no parque Assis Brasil, em Esteio, um espaço catalisador de retomadas. É neste palco que o Rio Grande do Sul promete colocar de pé seu primeiro grande evento pós catástrofe climática. A decisão de realizar a feira na data prevista, de 24 de agosto a 1º de setembro, apesar dos estragos acumulados pelo alagamento, dá uma ideia do impacto que tem no ânimo dos gaúchos. E de como isso se reflete para todo o país, que prontamente se colocou em uma grande rede de solidariedade em meio à tragédia.
— Assim como o resto do Estado, estamos (no espaço da feira) expostos às adversidades. O parque representa esse espírito de luta. A gente faz um esforço máximo para trazer tudo o que tem de melhor — avalia a subsecretária do parque Assis Brasil, Elizabeth Cirne Lima.
Com a tarefa de conduzir a reconstrução no contrarrelógio, para deixar tudo pronto a tempo, ela acrescenta:
— As pessoas estão muito machucadas. Poder viver um momento de leveza, alegria, sucesso, é fundamental para o espírito.
E não será a primeira vez que Esteio se converte em um canal de recuperação. No auge da pandemia de covid-19, em 2020, a Expointer precisou adaptar o formato para ser realizada. O pavilhão da agricultura familiar funcionou na modalidade drive thru.
— Naquele momento, estávamos com a autoestima baixa, a economia parada. A Expointer trouxe essa questão de se reinventar, de achar alternativa – lembra Carlos Joel da Silva, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS).
De temporal a estiagem, feira driblou dificuldades
Há 10 anos, foi um vento com rajadas de até 129 km/h que invadiu o parque Assis Brasil, em Esteio, e causou inúmeros estragos. Pelo menos 70% das instalações foram afetadas.
Assim como neste ano, a decisão foi a de manter a realização da Expointer, lembra Ernani Polo, então secretário da Agricultura:
— Na época, assim como é hoje, era importante voltar a fazer a economia girar. Trazer um simbolismo psicológico, de levantar o ânimo do povo.
E em anos de estiagem, com grande impacto à economia, a feira também se manteve de pé:
— A Expointer tem uma dinâmica importante, mais do que nunca mexe na motivação dos produtores. É fundamental para que o produtor possa levantar a cabeça — avalia Luiz Fernando Mainardi, que comandou a Agricultura de 2011 a 2014.