Mesmo com o cenário adverso trazido pelo clima, o agro do Rio Grande do Sul segue sendo um bom pagador. É o que mostram os dados do Boletim Agro da Serasa Experian referentes ao terceiro trimestre de 2023, divulgados nesta segunda-feira (4). A taxa de inadimplência no Brasil no período, considerados todos os portes de propriedades, foi de 6,7%. No Estado, ficou em 4,1%. Santa Catarina e Paraná completam o top três dos menores índices, fazendo da Região Sul também a de menor percentual.
Outro recorte da pesquisa mostra que a taxa de inadimplência é ainda menor no caso de pequenas propriedades — fica em 3,5%, mesmo percentual das médias, no RS, e em 5,9% no Brasil. Em contrapartida, os maiores índices estão na categoria sem registro de cadastro rural, onde entram os arrendatários.
— Quanto menor o porte, menor o endividamento. Acabam fazendo um grande esforço (para ficar adimplentes). Outro ponto é que os produtores de maior porte costumam ter uma alavancagem maior — pondera Frederico Poleto, líder de Ciência de Dados Agro da Serasa Experian.
Ao avaliar as negativações (dívidas e devedores incluídos no cadastro de devedores), a Região Sul tem a maior soma, R$ 7,3 bilhões. Número que se relaciona com o fato de ter o maior montante em crédito tomado (R$ 25 bilhões).
— Foi a região que teve o maior montante (em R$, de negativações), mas proporcionalmente tem número (de inadimplentes) baixo — observa Cesar Junior, gerente de soluções agro da Serasa Experian.
Quando relacionada à faixa etária, a adimplência também tem patamares diferentes. No Brasil a população agro 80+ tem o menor índice de inadimplência: 2,9%. A título de comparação, as faixas entre 18 e 29 anos e entre 30 e 39 anos somam 9,9% cada uma.
Saiba mais
O raio X financeiro da população rural brasileira
- O dado apresentado pelo Serasa Experian traz um recorte trimestral sobre o comportamento do crédito no agronegócio
- O estudo considera a população rural que consome crédito no Brasil — 63% do total de 15,1 milhão de pessoas mapeadas no censo de 2017 estão na base do Serasa (ou seja, 9,5 milhões de pessoas)
- Ferramenta de análise de crédito e que indica a probabilidade de inadimplência, o score do agro somou 654 no terceiro trimestre de 2023, número semelhante ao verificado em igual período de 2022 (653)
- A pesquisa avalia o crédito tomado pela população do agro em três categorias: rural e agroindustrial, créditos financeiros e cartão de crédito
- O terceiro trimestre deste ano somou 3,1 milhões de novas negativações de CPF
- O estudo mostrou ainda que desse total a maior parte — 56,7% — das negativações não têm ligação com o agro e com instituições financeiras (mas são dívidas de valores menores, presentando 3,2% do montante de R$ 26,6 bilhões.
- A população agro, conforme o boletim, prioriza o pagamento das dívidas relacionados ao setor