Gisele Loeblein

Gisele Loeblein

Jornalista formada pela UFRGS, trabalha há 25 anos no Grupo RBS e, desde 2013, assina a coluna Campo e Lavoura, em Zero Hora. Faz também comentários diários na Rádio Gaúcha e na RBS TV.

Reflexo da safra
Notícia

O perfil das pessoas empregadas pelo agro no melhor primeiro trimestre de série histórica

Número de trabalhadores no setor chegou a  28,1 milhões, respondendo por um total de 27% das vagas geradas no Brasil 

Gisele Loeblein

Enviar email

A safra farta de grãos colhida no Brasil neste ano ajudou a alimentar uma estatística positiva também nas vagas geradas pelo setor produtivo. Boletim sobre o Mercado de Trabalho no Agronegócio Brasileiro, elaborado por Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mostra que 2023 teve o melhor primeiro trimestre do ano na série histórica iniciada em 2012. A população ocupada no segmento no período chegou a 28,1 milhões de pessoas, o que representou fatia de 27% do total da mão de obra no Brasil. Também foi o segundo maior contingente de trabalhadores para um trimestre, perdendo só para o segundo trimestre de 2019.

— O desempenho geral da população ocupada no agronegócio nesse primeiro trimestre de 2023 está diretamente relacionado à boa safra agrícola colhida neste ano. Isso faz com que a demanda por trabalhadores “dentro da porteira” seja maior. Mas não é só isso, a pesquisa mostrou que a demanda por atividades ligadas aos agrosserviços também cresceu de maneira robusta, impulsionada pela necessidade de um maior número de trabalhadores para estocar, armazenar, transportar, etc., essa grande produção agrícola — avalia Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da CNA, sobre o resultado. 

Os chamados agrosserviços tiveram uma alta de 6,7% no número de pessoas ocupadas, o que representa 616 mil trabalhadores a mais na comparação do primeiro trimestre  deste ano com o do ano passado. O de insumos registrou crescimento de 9,5%,  ou 24,84 mil postos. O segmento primário, onde ficam as contratações da agropecuária, registrou recuo de 5,2% em igual intervalo.

Chama a atenção ainda, no estudo, o dado referente ao perfil da mão de obra: o avanço no trimestre foi puxado por empregados, sobretudo com carteira, com maior nível de instrução e aumento da participação feminina.

— Essa mudança do perfil do trabalhador do agronegócio está associada ao aumento da tecnologia empregada no campo. Tecnologias como ampliação da área irrigada e número de tratores  estão exigindo dos trabalhadores uma maior capacitação (acadêmica e técnica), inclusive demandando mais cursos técnicos para suprir essa demanda. Ou seja, essa mudança estrutural no perfil veio para ficar e, com isso, promove maiores salários e mais renda nas cidades – completa o coordenador do Núcleo Econômico da CNA.

Ele cita dados do Caged para referendar essa análise: em 2020 foram contratados 3.287 trabalhadores para mecanização agrícola. Em 2022, foram 16.174.

Leia mais colunas de Gisele Loeblein

GZH faz parte do The Trust Project
Saiba Mais
RBS BRAND STUDIO

Gaúcha +

15:00 - 16:30