Em nova tentativa de fazer o governo federal rever a importação de arroz, por meio de novo leilão, em data ainda a ser marcada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), representantes de indústrias e produtores farão um documento pedindo o cancelamento definitivo da medida. A definição veio após reunião, nesta quinta-feira (13), da Câmara Setorial do Arroz, órgão consultivo que reúne 34 entidades, privadas e públicas. A manifestação será encaminhada ao Ministério da Agricultura e à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Apesar de ter suspendido o certame realizado, a União sinaliza que um novo será marcado para a compra de 300 mil toneladas vindas de fora do país.
— Essa posição de pedir o cancelamento definitivo é de todo o setor arrozeiro — reforça Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz-RS).
O dirigente também tem uma agenda marcada para a próxima quarta-feira (19) com o presidente da Conab, Edegar Pretto. No encontro, o objetivo é os argumentos para que não haja mais leilões.
— O relatório mais recente da própria Conab reforça ainda mais que não temos necessidade de importação de arroz pelo governo — justifica Velho.
O 9º Levantamento de Safra da Conab foi divulgado nesta quinta e estima uma produção de arroz de 7,08 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul — Estado que cultiva 70% do total nacional. O volume é 2,1% maior do que o colhido na safra passada. Em relação ao dado de maio, no entanto, faz uma revisão para baixo: no mês passado, foram projetadas 7,27 milhões de toneladas.
Na pesquisa atual, também foi reduzida a produtividade esperada, agora estimada em 7.865 quilos por hectare, recuo de 2,% na comparação com o ciclo anterior. Ainda assim, como houve um aumento de área, de 4,4% pelo dado da Conab, a produção total fica levemente acima da de 2023.
O levantamento atualizado do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), deve ser divulgado nesta sexta-feira (14). As informações ainda estavam sendo compiladas, mas o presidente da autarquia, Rodrigo Machado, pontua que o número da colheita deve ser semelhante ao da pesquisa anterior, quando se projetava uma produção de 7,15 milhões de toneladas. Quantia semelhante à apontada pela Conab.
Vaivém do leilão
- Ainda no início de maio, em meio à catástrofe climática registrada no Estado, o governo sinalizou a realização de leilões para importação de arroz. O argumento era o da preocupação com o abastecimento do mercado interno, diante do impacto sobre a produção gaúcha
- O setor, por sua vez, garantia haver cereal suficiente, afirmando que a medida não era necessária
- Com a premissa de que havia necessidade de equilibrar preços ao consumidor, a União abriu caminho para que até 1 milhão de toneladas fossem importadas. Um primeiro leilão, para a aquisição de até 300 mil toneladas, foi efetivado, com a compra de 263 mil toneladas
- Suspeitas sobre a capacidade técnica e financeira das empresas vencedoras fez com o que o governo decidisse anular o certame