É com base nos efeitos do primeiro leilão que a decisão de realizar ou não novas importações de arroz deverá ser tomada. Sejam esses resultados os que defende o governo, de equilíbrio de preços ao consumidor, ou os que preocupam o setor produtivo, de queda acentuada das cotações diante de uma oferta ampliada. Para saber o que, de fato, ocorrerá, será preciso esperar.
As quatro empresas habilitadas como fornecedoras do produto têm cinco dias para fazer o depósito inicial de 5% do negociado no leilão, mas o prazo para a entrega do arroz é de até 90 dias. Presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, estimou, no entanto, entre 45 e 60 dias, porque o pagamento é feito quando o produto estiver nos armazéns da instituição.
— É uma operação nova, que o governo não realizava desde 1987, e avaliamos que foi um grande sucesso. O passo seguinte é garantir que esse arroz chegue aos supermercados com a qualidade necessária — enfatizou.
Um novo edital vai abrir espaço para a compra do volume previsto, porém não negociado nesse primeiro leilão. Foram compradas 263,4 mil das 300 mil toneladas disponíveis, o que despendeu R$ 1,3 bilhão. A média do quilo foi de R$ 4,99.
Para tornar possível a realização da importação inicial, a União teve de derrubar uma liminar que havia sido obtida na noite de quarta-feira (6). A Justiça Federal da 4ª Região havia deferido pedido para a suspensão do leilão em ação popular de parlamentares do Novo e do PSDB. Horas antes da prevista para a operação, a suspensão foi removida por decisão do TRF4.
Questionado sobre o que fez o governo buscar a manutenção da compra, apesar da liminar, Pretto disse que foi o entendimento da necessidade e da legalidade.
Ainda não se sabe de onde virá o produto — a busca no mercado internacional é das empresas vencedoras do leilão. O volume, segundo a Conab, entrará de forma escalonada. Pequenos comércios terão um limite mensal de acesso a 5 mil quilos e os grandes atacarejos, de 30 mil.
Diretor jurídico da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), Anderson Belloli, disse que a compra e os reflexos de mercado terão de ser avaliados, mas voltou a lamentar a posição do governo sobre a questão.
— É um processo absolutamente equivocado, desnecessário. Em vez de ajudar o produtor, empurra lá para baixo. Trará dificuldades a longo prazo ao arrozeiro — pontuou Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).