A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Veio do outro lado do mundo uma notícia que traz um pouco de alento aos produtores de noz pecan gaúchos. É a abertura do mercado chinês para o produto brasileiro, em negociação há cinco anos. O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional do fruto. O anúncio — e a assinatura de protocolo entre os países — ocorreu nesta quinta-feira (6), durante missão brasileira na China. O acesso a esse importante destino traz para a cultura, severamente afetada pela enchente no Estado, uma perspectiva futura à atividade.
É o que entende o presidente do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan), Eduardo Basso:
— (A medida) vai ajudar muito na reconstrução dos pomares, para que os produtores continuem acreditando no Estado e na produção de pecans.
A enchente, que atingiu parte do Rio Grande do Sul, varreu os pomares gaúchos. Parte deles está concentrada em regiões de vales, como do Taquari e do Rio Pardo. O IBPecan estima que a quebra da safra, ainda em colheita, chegue a até 80%, com uma produção de 1,5 mil a 2 mil toneladas de fruto. Inicialmente, a previsão neste ano era de uma quebra de 50%, em razão da chuva em excesso e da alternância natural dos pomares.
— O desastre para o setor é gigantesco em termos de quantidade. É monumental — reforça Basso, referindo-se desde o volume da safra até a estrutura, como solo, equipamentos de irrigação e pomar.
O IBPecan, inclusive, encaminhou um documento solicitando ações aos governos estadual e federal. Com um pedido superior a R$ 260 milhões, o setor pleiteia a criação de linhas de financiamento para reconstrução dos pomares, do capital de trabalho e para uso imediato da indústria, a criação de um fundo para que Embrapa, Emater e universidades possam orientar e qualificar os produtores nessa fase de reconstrução e a prorrogação do vencimento das linhas de custeio neste ano.
Fora a tragédia local, outro fator que traz alento com a notícia é o mercado que a China representa. Das 340 mil toneladas de noz pecan produzidas no mundo por ano, 45 a 50 mil são importadas pelo país asiático. Atualmente, o Brasil é quarto maior produtor do fruto, ficando atrás somente dos Estados Unidos, México e África do Sul. O presidente do IBPecan também acrescenta:
— Daqui a quatro, cinco anos, o Brasil deve dobrar a produção (no ano passado, foram produzidas 7 mil toneladas de noz pecan). Outra importância de participar desse "clube de importadores" à China.
A estimativa é de que a abertura do mercado chinês possa representar negócios acima de US$ 1 milhão.