A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A exemplo do que aconteceu com outras frutíferas, a chuva em excesso na primavera acertou em cheio a produção das nogueiras pecan no Estado. E, com a colheita se aproximando — a abertura oficial está marcada para o próximo dia 25, em propriedade no município de Anta Gorda, no Vale do Taquari —, a quebra que já era projetada no início do ano vai ganhando novas proporções. Projeção do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (IBPecan) aponta uma redução de até 50% em volume, com a safra gaúcha ficando em torno de 3,5 mil toneladas.
O clima acentuou as perdas previstas em razão da alternância natural nos pomares. Foi uma "tempestade perfeita", explica o engenheiro agrônomo Julio Medeiros, coordenador da Abertura da Colheita:
— O excesso de chuva afetou bastante a polinização, mas também houve menos da metade de horas de frio necessárias para o ciclo se cumprir e 15 dias de chuva com vendaval, que provocou queda de frutos.
Em Anta Gorda, a quebra deve ser ainda maior, de 70%. Apesar do cenário desafiador, o município volta a sediar a Abertura Oficial da Colheita da Noz Pecan, depois de quatro anos, dentro da programação do 8ª FestLeite. Para o prefeito Francisco Frighetto, receber novamente o evento, que chega à 6ª edição, é motivo de "orgulho e satisfação".
— A nossa pecan hoje é a quarta produção econômica em Anta Gorda — acrescenta Frighetto.
Justamente por ser menor em volume, a safra de 2024 pode trazer os preços mais favoráveis aos produtores. É que as nozes deste ano devem ter tamanho e qualidade superiores às frutas colhidas na safra passada, o que pode aquecer a comercialização.
— Potencial, com certeza, tem. No ano passado (quando 320 toneladas foram exportadas), o que faltou foi produto. Mesmo produzindo uma safra grande, foi difícil de ter tamanho para exportação — acrescentou o coordenador de Novos Mercados do IBPecan, Daniel Basso.
Sobre a noz pecan
Em plena expansão no Estado, com 5,34 mil hectares em produção e 1,6 mil produtores, o cultivo de noz pecan também vem mudando de perfil. Antes, as nogueiras eram cultivadas majoritariamente em pequenas propriedades. Agora, o setor ruma para um negócio mais empresarial, explica Medeiros.
A família Pitol, que sediará a Abertura da Colheita, é uma das 295 que trabalham com noz pecan em Anta Gorda e migrou para a profissionalização do negócio. Produtor e empresário, Leandro Pitol conta que o plantio do pomar começou há 50 anos, com o seu pai:
— Hoje, a gente faz toda a linha de produção. Produzimos e vendemos a muda, cultivamos e compramos parte da produção de outros e beneficiamos a noz pecan. Com o óleo, fazemos até uma linha cosmética.