A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Foi o preço do arroz que trouxe novamente ao Estado o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, em sua primeira viagem oficial na nova gestão. Gaúcho de Selbach, ele fez a carreira como produtor e político no Mato Grosso. Já esteve à frente desse posto antes e também comandou a pasta em outros governos petistas.
Há 11 anos, quando veio ao RS, era a crise enfrentada pelos produtores, acumulada pelos preços baixos pagos pelo cereal. Agora, é a valorização na cotação que ganha a atenção do governo federal. Na terça-feira (9), o preço da saca de 50 quilos chegou ao maior valor nominal da série histórica do Cepea, R$ 131,44.
O convite para abrir o diálogo com os produtores partiu do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz), Alexandre Velho. De acordo com o dirigente, o setor precisa de políticas públicas que estimulem o produtor a permanecer cultivando o arroz:
— Temos uma responsabilidade de continuar trazendo segurança alimentar com relação ao arroz no Brasil. Mas o governo precisa fazer a sua parte.
Sobre o atual preço do cereal, o dirigente lembra:
— É reflexo de uma falta de rentabilidade de muitos anos. A área no RS já foi de 1,2 milhão de hectares e chegou a 840 mil hectares na safra passada. Foi esse ajuste no mercado que fez com que os preços crescessem.
Por ser um item da cesta básica, o arroz se mantém no radar do governo. Na safra 2022/23, o Brasil teve a menor área plantada de arroz e feijão em 47 anos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Geller disse que o Planalto “vai criar uma política de consolidação do setor a médio e longo prazo” para que haja garantia de renda no campo e comida na mesa do brasileiro:
— Porque tudo o que sobe muito, quando cai se machuca.
Entre as medidas projetadas, o secretário de Política Agrícola cita a política de crédito com menor taxa de juro, o acesso diversificado a linhas de crédito, o incentivo de captação no mercado internacional e a possibilidade de realização de estoque público.
Além da Federarroz, diversas entidades representativas do setor produtivo estiveram presentes. Entre elas, a área da proteína animal, que trouxe como demanda a abertura de novos mercados, o fomento à produção de milho no Estado e políticas de reservação de água.