A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A cada dia que passa — e que a chuva se mantém —, novos estragos são contabilizados pelos produtores rurais que comercializam os seus hortifrútis na Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS). Na Capital, o efeito mais visível das cheias até o momento é no preço das frutas, legumes e hortaliças — com variações que chegam a até 200% em um mês.
Entre os dias 19 de setembro e 17 de outubro, a alface teve uma alta de 201,2%. Nesta semana, teve leve recuo, de 14,38%, com a unidade no valor de R$ 2,50. O quilo do morango cresceu 60% no período de setembro a outubro, e os R$ 24 de agora representam alta de 20% sobre a última semana. Couve, melancia, agrião, couve-flor, espinafre, tomate e vagem também ficaram mais valorizados entre um mês e outro — alguns mantêm o valor, outros já começam a reduzir.
Presidente da Ceasa/RS, Carlos Siegle, afirma que o tempo não tem dado trégua:
— Desde maio, quando assumi, foram três ciclones e duas cheias.
Em Viamão, na Região Metropolitana, as verduras da produtora Magda da Rocha chegaram a ficar debaixo da água. O que foi possível salvar, acabou ficando mais valorizado pela menor oferta.
— Antes, eu tirava bastante de couve, trinta, quarenta dúzias. Agora, não tiro seis dúzias. A alface e o tempero são a mesma coisa.
Diante das novas previsões de chuva, Magda está plantando agora suas hortaliças apenas nas áreas inclinadas da sua propriedade.
— Nada na parte baixa, porque é ali tem ficado alagado com a chuva — reforça a agricultora.
Também na Região Metropolitana, em Canoas, foi o granizo que estragou a horta do produtor Ronaldo Zudrewer, que também comercializa na Ceasa. Mas, no seu caso, o maior prejuízo ficou na plantação de tomate.
— Triturou, moeu os oito mil pés de tomate. A alface também, parece que colocaram num processador de carne — descreve Ronaldo, que estima um prejuízo de R$ 25 mil apenas nos tomateiros.
Já na Serra, no município de Farroupilha, Fernando Luiz Pasa perdeu pelo menos 40% da sua produção de morangos no primeiro semestre deste ano, que normalmente totaliza 15 toneladas da fruta.
— A umidade impactou tanto na qualidade do produto quanto na produtividade — disse o agricultor.
E o cenário não deve melhorar nas próximas semanas. Presidente da Associação dos Produtores da Ceasa/RS, Evandro Finkler projeta que produtos como a batata e cenoura poderão estar mais escassos nas praças.
— Os produtores ainda não conseguiram fazer o plantio por causa das chuvas — justifica.