As chuvas que atingem o Estado deixam autoridades de Porto Alegre e da Região Metropolitana em estado de alerta.
Nesta segunda-feira (25), a prefeitura da Capital decidiu iniciar o processo de fechamento das comportas do muro do Cais Mauá, e sacos de areia empilhados serão colocados na região para evitar vazamentos para a área central da cidade. Na medição desta manhã no Guaíba, a régua mostrava 2m73cm, sendo que a cota de inundação é atingida em 3m.
A situação está mais complicada em áreas onde as pessoas vivem à beira do Guaíba, do Jacuí ou de arroios e córregos. Em função disso, bairros como Guarujá e Ipanema, por exemplo, sofrem mais com alagamentos nas ruas.
No começo da manhã, as avenidas Beira-Rio e João Pessoa registravam pontos de alagamento, com alguns desvios no trânsito. Vias como Amaral Ferrador, Marcílio Dias, Rua Três e Rua da Antena, além das ruas 2, 4 e 16, na Vila Primavera, também apresentavam problemas.
Na Região das Ilhas, na manhã desta segunda, a medição sinalizava 2m44cm, superando a cota de inundação no trecho, que é de 2m20cm. Muitas vias do bairro Arquipélago estão alagadas. Os moradores precisam recorrer ao uso de barcos em alguns pontos mais próximos do Jacuí.
Na Ilha dos Marinheiros, até o começo da tarde, havia 28 pessoas no abrigo montado na Escola Estadual Alvarenga Peixoto, enquanto na Ilha da Pintada eram 15 moradores nas dependências da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem.
Cenário crítico em Eldorado e Guaíba
Em Eldorado do Sul, o panorama está bastante complicado em bairros como Itaí, Cidade Verde e Picada, além da região do Sans Souci. O coordenador da Defesa Civil do município, João Carlos Ferreira, estima em 4 mil o número de pessoas atingidas pelas cheias na cidade. A grande maioria procura abrigo em casas de parentes ou amigos.
Tratam-se de 360 pessoas fora de suas casas, sendo 290 em residências de familiares e 70 abrigadas no Centro Esportivo Luís Antônio Fontoura dos Santos.
Moradores de um condomínio no bairro Picada chegaram a recorrer a um trator com reboque para transportar vizinhos que não conseguem se locomover.
— Socorremos com auxílio de barcos, caminhões e retroescavadeiras — exemplifica o coordenador, dizendo que muitos moradores não querem deixar as residências com receios de furtos.
O bairro Cidade Verde é o pior lugar neste momento, conforme avaliação do agente.
A Defesa Civil de Eldorado do Sul está convencendo os habitantes, que estão com 80cm de água dentro de casa, a se dirigirem para o ginásio do loteamento popular da região.
— O nosso grande problema é o vento sul, que represa a água do Rio Jacuí e a manda para dentro da cidade — atesta Ferreira.
O órgão municipal está em alerta devido a um novo ciclone extratropical que deve se formar em alto mar entre terça (26) e quarta-feira (27).
— Os rios estão todos cheios, e a água crescendo dentro das cidades. Eldorado está pior do que Guaíba, que é uma cidade mais alta — compara Ferreira.
As autoridades de Guaíba também trabalham com possibilidade de aumento no número de pessoas fora de casa nas próximas horas.
— Vamos reabrir o abrigo temporário, que deverá receber sete pessoas. A tendência, em razão do estado de alerta do ciclone, é termos um número maior de desabrigados — prevê o coordenador da Defesa Civil de Guaíba, Anderson Gawlinski.
Na semana passada, o abrigo chegou a acolher 28 pessoas em Guaíba. Conforme a Defesa Civil da cidade, 40 famílias foram afetadas pelas cheias, mas não procuraram auxílio ou abrigos oferecidos.
Alvorada também enfrenta contratempos
A prefeitura de Alvorada, na Região Metropolitana, informa que 1.037 casas foram atingidas pelas chuvas e cheias recentes. Choveu em torno de 11 milímetros no último final de semana no município.
Entre os bairros mais atingidos, estão 11 de abril, Americana, Nova Americana e Sumaré. A Rua Anita Garibaldi, no bairro Americana, é uma que apresenta maior inundação.
Buscaram refúgio temporário em casas de parentes e amigos 214 famílias, enquanto 12 pessoas estão abrigadas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) Cedro.
Canoas, Gravataí e Viamão monitoram situação
Em Canoas, a situação é mais tranquila em relação a outras cidades da Região Metropolitana. As áreas mais atingidas ficam no bairro Mato Grande e São Luís, e em alguns pontos na divisa da Rua Harmonia com o bairro Rio Branco, conhecida como Rua da Barca. E ainda em uma comunidade chamada Fazendinha. Duas ruas no Mato Grande estão com extravasamento do arroio, sendo uma delas a Avenida Antônio Wobeto.
— No atual momento, Canoas não possui nenhuma família em situação de desabrigamento ou desalojamento. O que tem são três famílias da Praia do Paquetá, que saíram no início do mês, quando houve forte chuvas, e não retornaram, ficando na casa de familiares — explica o secretário-chefe do Eclima de Canoas, Aristeu Ismailow.
A prefeitura acredita que, a partir desta segunda-feira (25), pode aumentar o número de pessoas em busca de abrigos em função da chuva. Os ginásios das escolas municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) Paulo VI, no bairro Fátima, e Thiago Würth, no Mathias Velho, estão disponíveis para receber eventuais famílias desabrigadas ou desalojadas no município.
Em Gravataí, 31 pessoas permanecem abrigadas na Igreja São José. O número é bem inferior ao de 14 de setembro, quando havia cem desalojados e 44 desabrigados na cidade. A região da Vila Rica e do Parque dos Anjos, na Rua Amapá, onde ocorreu o transbordo do Arroio Demétrio, eram os pontos mais problemáticos nos últimos dias. A medição do Rio Gravataí mais recente mostrava na estação hidrometeorológica do Caça e Pesca, no Parque dos Anjos, 4m79cm, sendo que a cota normal é de 2m60cm.
Em Viamão, a prefeitura relata que não há desalojados no momento. Os bairros Cinturão Azul, Itapuã, Jaguaribe, Santo Onofre e Vila Augusta tiveram muitas casas atingidas pela água há duas semanas. Porém, o ponto mais afetado agora no município é Itapuã, devido à cheia do Guaíba.