Entre os frigoríficos da região do Vale do Taquari que tiveram as operações impactadas pelas enchentes, o da Cooperativa Dália Alimentos localizado em Encantado é um dos que tem a situação mais delicada neste momento. A unidade, que realiza o abate diário de 2 mil suínos, foi invadida pelas cheias e está desde terça-feira (5) sem funcionar. Como partes importantes da indústria foram afetadas, a estimativa é de que sejam necessários entre sete e 14 dias para retomar as atividades. Enquanto isso não for possível, alternativas para os animais que estão no campo são estudadas junto com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips).
— É uma situação bem complexa mesmo, só quem visita a região para ter a ideia real do que aconteceu nos municípios — afirma Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, presidente -executivo da Dália, sobre o cenário local.
O dirigente relata que a cooperativa teve problemas ainda na unidade de frangos, em Arroio do Meio, mas essa deve voltar a funcionar na próxima segunda-feira (11). Na planta de abate de suínos, a água subiu tanto que atingiu o grupo de geradores, explica Freitas. As máquinas que fazem a refrigeração também foram danificadas.
— Para poder voltar à produção, temos de resolver todo esse problema, para depois poder voltar a operar. Toda a parte elétrica foi atingida, tudo isso terá de ser revisado. E mesmo que as indústrias tivessem condições de trabalhar, os funcionários tiveram suas casas atingidas, estão tentando socorrer familiares — lembra o presidente-executivo.
Situação essa que se repete nas demais empresas afetadas pelas cheias, incluindo as que voltaram a abater, caso da BRF, em Lajeado.
— O mais impactante são os funcionários, moradores da região. Tiveram casas afetadas, familiares estão com dificuldades. Isso impacta muito no estado psicológico das pessoas. Será preciso dimensionar o trabalho de acordo com a possibilidade dos trabalhadores — reforça Rogério Kerber, diretor-executivo do Sips.
No caso da Dália, sem o abate, será preciso buscar uma solução para os suínos que estão no campo. Uma das propostas é a de que sejam vendidos para outras empresas, visto que o ciclo produtivo tem um tempo específico.
— Ainda estamos medindo, para ver como ajudar. Uma das soluções é assumir animais de empresas que não podem abater agora — observa Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Sips e ABPA devem se reunir nesta sexta-feira (8) para tratar do assunto. A planta de industrializados da JBS em Roca Sales, e a de aves da Minuano (fornecedora da BRF), em Lajeado, também tiveram impactos em razão das cheias em razão da falta de energia elétrica e da dificuldade de mão de obra.
— Será necessário linhas de financiamento para ajudar nessa reconstrução, que terá um custo. É difícil dizer o custo, ainda não se tem ideia, até porque não foram vistos todos os danos — diz o presidente-executivo da Dália.