
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira (13), ao lado do presidente da China, Xi Jinping, que a "relação entre Brasil e China nunca foi tão necessária". Segundo ele, os dois países estão "dispostos a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo".
Mesmo sem mencionar o nome do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em nenhum momento de sua declaração à imprensa após assinatura de atos com o governo chinês, Lula fez referência à política tarifária do americano. Disse que "guerras comerciais não têm vencedores":
— Há anos, a ordem internacional já demanda reformas profundas. Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentado. China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo. A defesa intransigente do multilateralismo é uma tarefa urgente e necessária.
O presidente continuou dizendo que guerras comerciais "elevam os preços, deprimem as economias e corroem as rendas dos mais vulneráveis em todos os países".
— O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da OMC — declarou.
O presidente brasileiro reforçou que esta foi sua segunda visita de Estado à China no atual mandato e que levou ao país uma "expressiva delegação" com ministros e parlamentares.
Lula também criticou o que chamou de "insensatez dos conflitos armados" e citou os casos das guerras ocorridas na Faixa de Gaza e na Ucrânia. Defendeu que acabar com esses conflitos "é precondição para o desenvolvimento" e disse que entendimentos firmados entre Brasil e China "para uma resolução política para a crise na Ucrânia oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa".
— A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável, vivendo lado a lado com o Estado de Israel. Somente uma ONU reformada poderá cumprir os ideais de paz, direitos humanos e progresso social consagrados em 1945 na Carta de São Francisco — afirmou o presidente, que voltou a defender que o Conselho de Segurança das Nações Unidas reflita uma maior diversidade.
Lula citou também projetos discutidos e acordos firmados entre China e Brasil. Falou sobre entendimentos envolvendo os bancos centrais dos dois países e o lançamento de satélites para uso agrícola, por exemplo. Também mencionou uma discussão sobre financiamento de projetos de infraestrutura, sustentabilidade e energia:
— Nunca um número tão grande de projetos foi discutido de maneira sistemática em tão pouco tempo. Os primeiros resultados concretos já podem ser constatados. A cooperação entre os bancos centrais permitirá uma maior integração financeira e facilitará investimentos. Com o programa Satélite de Recursos Terrestres Brasil-China, lançaremos dois satélites adicionais. Vamos gerar e compartilhar imagens para o uso ambiental, agrícola e meteorológico com os países do sul global.