A falta de energia e a dificuldade de acesso fazem com que produtores das regiões mais afetadas pelas cheias sigam incomunicáveis. Aos poucos, técnicos da Emater começam a conseguir chegar em áreas que estavam isoladas, na tentativa de dimensionar as perdas na produção. Os esforços seguem, claro, centrados no resgate das pessoas, mas imagens divulgadas em redes sociais, de animais em meio à água, e relatos que chegam a entidades e indústrias reforçam a preocupação com o bem-estar.
— A preocupação é iniciar o transporte de ração e dos animais que estão nas UPLs (Unidades de Produção de Leitões, a "maternidade" de suínos) — relata Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips).
Muitos frigoríficos da região do Vale do Taquari, uma das mais atingidas, estão com as atividades paralisadas, em razão de fatores como falta de luz, da entrada de água na unidade e da dificuldade de transporte do funcionários. Com isso, há um atraso no ciclo, o que reforça a necessidade de garantir comida aos animais que deveriam ter saído, mas permanecem no campo.
Em propriedades onde há produção de leite, há igualmente a dificuldade no manejo dos animais.
— A maior preocupação segue sendo as pessoas. Mas a coleta está difícil, a ordenha está difícil e tratar as vacas também. Os tratores estão na água. Temos relatos de falta de luz e comida estragada — descreve Marcos Tang, presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando).
Gerente-adjunto da regional de Lajeado da Emater, Carlos Augusto Lagemann explica que nesta quarta-feira (6) é que os técnicos estão conseguindo chegar em algumas comunidades:
— O que é certo é que, no Vale do Taquari, a água veio com muita velocidade, não sabemos o nível de erosão por essas terras baixas por onde a água passou. Certamente tivemos perdas no trigo, no milho, em pastagens.