Os estragos da enchente devastadora que castiga parte do Rio Grande do Sul seguem sendo contabilizados à medida que a água baixa. Mais mortes foram confirmadas, passando para 31 o total de vítimas até o fim da manhã desta quarta-feira (6). Roca Sales e Muçum, no Vale do Taquari, concentram o maior número de mortes pela tragédia.
Uma comitiva de ministros do governo federal desembarcou no RS para ver os estragos. Waldez Góes, da Integração e Desenvolvimento Regional, Paulo Pimenta, da Comunicação Social, e Wolnei Aparecido Wolff, secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, desceram em Caxias do Sul e seguiram de helicóptero para Lajeado, que serve de base para a concentração dos esforços. Em coletiva de imprensa, os ministros garantiram o envio de aeronaves, materiais e recursos financeiros para ajudar o Estado.
Ao menos dois municípios já decretaram situação de emergência: Santa Tereza e Nova Roma do Sul.
A chuva volumosa foi provocada por uma conjunção de fatores, incluindo a formação de mais um ciclone, o terceiro de grandes proporções a atingir o RS desde julho. Um sistema de baixa pressão atmosférico, combinado a uma corrente de ar vinda da região amazônica, potencializou o quadro severo no Estado.
Muitos municípios seguem incomunicáveis, sem energia elétrica e sinal de telefone ou internet.
Em Roca Sales, uma das cidades mais devastadas, a reportagem de GZH encontrou um cenário de destruição na manhã desta quarta-feira. Ao menos sete mortes foram confirmadas no município. Pela manhã, o governo estadual informou que eram oito fatalidades, à tarde revisou o número para sete. O prefeito Hamilton Fontana fala em 12 óbitos até o momento.
O relato depois que a chuva cessou é doloroso. Enquanto aguardam por socorro, pessoas vagam pelas ruas em meio aos destroços. Grande parte das residências foi completamente destruída. Postes caídos, fios soltos e carros virados de cabeça para baixo compõem o cenário.
Cerca de 20 quilômetros distante, Muçum também tem cenário trágico, sendo que cerca de 85% do município foi inundado. A cidade concentra o maior número de mortes até o momento, com 15 vítimas confirmadas — os corpos foram encontrados dentro de residências, e as identidades serão divulgadas somente após a confirmação e a comunicação aos familiares.
Em Lajeado, doações de roupas e mantimentos começavam a chegar na manhã desta quarta ao Parque do Imigrante, que concentra as operações de resgate da Defesa Civil, Bombeiros, Forças Armadas, Prefeitura e ponto de acolhimento às pessoas atingidas. Cerca de 300 pessoas estão abrigadas no local. Os programas Atualidade e Timeline da Rádio Gaúcha foram transmitidos do espaço e ouviram relatos de pessoas resgatadas e de outras que chegavam para ajudar. A segunda morte no município foi confirmada pela Defesa Civil pela manhã. O terreno é ponto de pouso de helicópteros que buscam por sobreviventes.
Em Encantado, também atingida, os relatos da destruição incluem animais de produção que acabaram morrendo afogados.
Rodovias gaúchas ainda registram bloqueios em razão da chuva. No início da manhã desta quarta, havia 18 pontos em estradas estaduais totalmente bloqueados ou com bloqueio parcial. Outros 17 pontos não estão bloqueados, mas são monitorados pelas autoridades.
A chuva volta ao Estado nesta quarta e dois níveis de aviso, laranja e amarelo, foram emitidos para o Rio Grande do Sul. A metade sul e a região oeste têm potencial de acumular até 100 milímetros. A região do Vale do Taquari deve voltar a ter chuva no decorrer da quinta-feira, mas menos intensa que nos últimos dias. Desde o início do ano, os serviços de meteorologia já alertavam para o potencial de um “super El Niño”, que poderia provocar chuva excessiva.
Como ajudar
As pessoas que quiserem auxiliar podem doar alimentos, roupas, produtos de higiene e limpeza e donativos para a Defesa Civil do RS. Em Porto Alegre, as doações podem ser deixadas das 9h às 15h na central da Avenida Borges de Medeiros, 1501.
Também é possível entregar os itens no Palácio Piratini, nos quartéis da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros, em qualquer agência do Banrisul e até nas caixas de coletas da Campanha do Agasalho. Quem estiver em cidades do Interior pode deixar mantimentos na prefeitura de sua cidade.