O município de Muçum, no Vale do Taquari, foi um dos mais castigados pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Na manhã desta quarta-feira (6), o sentimento entre os moradores que retornavam para casa era de tristeza e preocupação.
Sem sinal telefônico ou de internet desde a noite de segunda (4), quando a chuva se intensificou, não há comunicação digital que possa levar informações sobre a localização e as circunstâncias de cada familiar, vizinho ou amigo que vive nas áreas atingidas.
Os sinais da tragédia são percebidos desde os primeiros metros do único acesso disponível à cidade. Há barro pelo chão e cobrindo a vegetação, além de marcas de até onde a água subiu nas paredes das casas. Nas calçadas e ruas, eletrodomésticos, móveis e pertences de diferentes tamanhos se juntam aos itens arrastados pela inundação da véspera. Alguns não funcionam mais, outros tentam ser recuperados com a exposição ao sol que brilha entre as nuvens.
O movimento de automóveis entre um bairro e outro, na busca por informações ou carregamento de mantimentos, precisa ser feito lentamente, pois o pavimento está escorregadio devido à lama.
A temperatura na manhã seguinte é de 13ºC. Existe a previsão de mais chuva ao longo do restante da semana, o que deixa a população e as autoridades em permanente alerta. Uma comitiva com o governador, Eduardo Leite, e representantes da Defesa Civil sobrevoa a cidade ainda na manhã desta quarta.
Maior concentração de vítimas
Até a manhã de quarta-feira (6), eram 15 vítimas fatais na cidade. Os corpos foram encontrados em algumas residências atingidas pela fúria das águas em localidade não informada pelas autoridades. O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, afirmou que a identidade das vítimas será confirmada apenas após a identificação e a comunicação do óbito aos familiares.
A água invadiu diferentes regiões do município, que possui 4.601 habitantes e área territorial de 111.247 metros quadrados, conforme o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Casas, escolas e hospitais estão alagados, inclusive no centro da cidade. A prefeitura de Muçum orienta os habitantes a armazenar mantimentos por 72 horas.
A Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e as Forças Armadas auxiliam no resgate das pessoas que estão isoladas em função do transbordamento do Rio Taquari. Na noite de terça-feira (5), a medição do rio chegou a indicar 21 metros, sendo que a cota para inundação é de 18 metros.
Cerca de 85% do município foi inundado pelas águas, deixando famílias e moradores sem casa. Muita gente foi retirada de cima dos telhados. O município possui quatro acessos por estradas e todos estão interditados. Um trecho da ponte Rodoferroviária Brochado da Rocha, que liga o município a Roca Sales, por meio da ERS-129, foi levado pelas águas do Rio Taquari, durante a manhã de terça-feira.
Como ajudar
As pessoas que quiserem auxiliar podem doar alimentos, roupas, produtos de higiene e limpeza e donativos para a Defesa Civil do RS. Em Porto Alegre, as doações podem ser deixadas das 9h às 15h na central da Avenida Borges de Medeiros, 1501.
Também é possível entregar os itens no Palácio Piratini, nos quartéis da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros, em qualquer agência do Banrisul e até nas caixas de coletas da Campanha do Agasalho. Quem estiver em cidades do interior pode deixar mantimentos na prefeitura de sua cidade.