Quinze mortes foram confirmadas no município de Muçum, no Vale do Taquari, causadas pela chuva que atinge o Rio Grande do Sul desde domingo (3). A informação foi divulgada pelo governador do Estado, Eduardo Leite, em coletiva de imprensa, no município de Lajeado. Com isso, o total de mortes causadas pelas enchentes no RS chegou a 21. Também foram registradas vítimas em Estrela, na mesma região, e em Mato Castelhano, Passo Fundo e Ibiraiaras, no Norte.
À Rádio Gaúcha, Mateus Trojan, prefeito de Muçum, disse que, inicialmente, não são divulgados nomes das vítimas, até que as identidades sejam confirmadas e familiares sejam informados.
— Temos muitos desaparecidos ainda, então a tendência é este número aumentar — revelou.
Trojan disse que não houve capacidade de resgate suficiente para o tamanho da tragédia que atingiu a cidade:
— Não tivemos equipes de resgate suficientes, e as equipes não tinham como acessar os locais.
Mais de 85% da cidade de Muçum foi atingida pela cheia do Rio Taquari. Moradores precisaram ser resgatados em cima de telhados e forros de casas.
Conforme a Defesa Civil estadual, até a tarde desta terça, o município tem 400 pessoas desabrigadas e outras 500 desalojadas.
O nível da água atingiu o centro da cidade, alagando residências, escolas, estabelecimentos comerciais e hospitais. Por questões de segurança, a energia elétrica do município foi cortada. De acordo com a prefeitura, também não há sinal de telefone.
— A cidade de Muçum não existe mais, da maneira como conhecíamos — disse o prefeito.
O município possui quatro acessos por estradas e todos estão interditados. Um trecho da ponte Rodoferroviária Brochado da Rocha, que conecta o município a Roca Sales, pela ERS-129, foi arrastado pelas águas do Rio Taquari, durante a manhã desta terça-feira. A estrutura destinada aos veículos foi levada, enquanto a parte utilizada pelos trens não foi impactada.
Conforme a prefeitura de Muçum, o nível do Rio Taquari está baixando, mas a orientação é de que a população procure mantimentos para as próximas 72h.
O governador Eduardo Leite lamentou as mortes registradas.
— A gente recebe essa informação de corpos que foram localizados, infelizmente outros podem acontecer, mas nós estamos nos esforçando para salvar as vidas, para proteger as pessoas, dar assistências às famílias e, enfim, superarmos mais esse evento climático ao qual o Rio Grande do Sul é submetido — apontou Leite.
Apoio federal
O prefeito de Muçum não estava na cidade nesta terça-feira. Ele ainda tenta retornar de Brasília, onde foi tratar da busca de recursos para mitigar estragos causados por recente queda de granizo no município. Mateus Trojan deve retornar ainda nesta terça, mas antes se reuniu com representantes do governo federal, em busca de auxílio, diante desta que, segundo ele, é a maior enchente da história de Muçum.
— Estamos organizando a vinda de donativos. Muitos helicópteros foram remanejados para a região, não só Muçum, mas também as outras cidades que estão em apuro — revelou o prefeito.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, garantiu que o governo trabalha na liberação de valores, além do suporte de helicópteros para auxiliar os moradores dos municípios afetados no Vale do Taquari.
Uma comitiva do Executivo federal deve estar na região na manhã desta quarta-feira (6). Além de Pimenta, devem integrar o grupo o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional do Brasil, Waldez Góes, e o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff Barreiros. Além das regiões afetadas pela cheia do Rio Taquari, eles devem visitar áreas afetadas na Serra.
— Estou mantendo contato com prefeitos e lideranças da região. A orientação do presidente é a presença do governo nos territórios afetados para dar suporte — apontou o ministro Pimenta.