Entre diversos relatos de situações de emergência vivenciadas pelas pessoas residentes nos municípios gaúchos atingidos pelos eventos climáticos deste início de semana, a Rádio Gaúcha colocou no ar o apelo de uma moradora de Muçum, que aguardava com familiares, na noite desta segunda-feira (4), pelo socorro das autoridades.
Em breve entrevista ao Estúdio Gaúcha, Beatriz Vilasboas contou que sua casa havia sido quase totalmente encoberta pela enchente e que aguardava pelo resgate no alto do telhado, acompanhada pela filha, pelo genro e pelos netos. Sem conseguir especificar quantas pessoas estavam com ela, suas idades e condição de saúde, relatou a aflição da espera pelos socorristas.
Conforme Beatriz, o drama se intensificava com o passar do tempo, pois a possibilidade de estabelecer comunicação também começava a se esgotar com o consumo da bateria do telefone celular com o qual a família havia pedido socorro.
— A gente está muito preocupada. Agora, que parou de chover, a gente está mais descansado. Mas estamos esperando resgate. Desde as 22h (de segunda-feira, 4) que nós estamos aqui em cima — informou para a jornalista Viviana Fronza.
Segundo a moradora de Muçum, os riscos decorrentes da enchente começaram a deixar a família em estado de alerta por volta das 19h de segunda-feira. Por volta das 22h, diante do cenário que se agravava, a família tomou a decisão de subir para o telhado como precaução contra os efeitos da enxurrada.
O volume da cheia no Rio Taquari cobriu boa parte da cidade. Com entradas e saídas bloqueadas, Muçum também ficou sem energia elétrica ou acesso à internet, praticamente incomunicável. Em entrevista concedida pouco depois das 16h, o governador Eduardo Leite anunciou a localização de 15 corpos no município.
Reforço de aeronaves
Até o início da noite desta terça-feira (5), a estrutura de resgate aéreo do Estado contava com cinco helicópteros, sendo aeronaves da Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Civil, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Aérea Brasileira. Dois outros helicópteros da Marinha do Brasil eram aguardados para incorporar os esforços de salvamento.
O subchefe da Defesa Civil do Estado, em coletiva de imprensa, destacou que a utilização de aeronaves civis estava descartada até aquele momento como forma de preservar a coordenação dos trabalhos. O coronel Marcus Vinicius Gonçalves Oliveira enfatizou que não basta boa vontade, mas é preciso treinamento e preparo das aeronaves para que as tentativas de ajuda não acabassem virando outras ocorrências de segurança em meio à mobilização das buscas.