A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O rastro de destruição deixado pela passagem do ciclone extratropical no Estado é evidente. Mas, aos poucos, as equipes da Emater começam a fazer um levantamento do tamanho desse estrago nas comunidades rurais. A previsão é de que seja possível ter dados mais concretos na próxima semana. No momento, a prioridade é salvar vidas.
De acordo com o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, as regiões mais afetadas até o momento são as de Lajeado, Caxias do Sul e Passo Fundo.
— O que se verifica até agora são prejuízos no trigo, alguns municípios com áreas com acamamento (quando as lavouras “deitam”), e a necessidade do replantio de milho. A dificuldade de acesso, seja por problemas em estradas ou pontes, acaba dificultando também no escoamento da produção de leite aos mercados — descreve Baldissera.
O diretor técnico cita a ausência de energia elétrica, que permanece em alguns municípios como outro entrave para a pecuária de gado leiteiro. O leite precisa ser refrigerado depois de ordenhado para a conservação, até ser vendido. Casas de produtores também foram destruídas, galpões que abrigam animais inundados e animais mortos.
Gerente-adjunto da regional de Lajeado da Emater, Carlos Augusto Lagemann diz que, aos poucos, com a chuva parando em alguns pontos, os técnicos começam a ter mais acesso aos locais.
— Mas ainda está muito dificil. A prioridade são as pessoas, e depois informações sobre produção, economia — reforça Lagemann.
Com operações no Vale do Taquari, a empresa Lactalis, por exemplo, segue mantendo a captação de leite na região. Mas teve de adotar rotas alternativas para evitar prejuízos.
Na pecuária de corte, há frigoríficos da região do Vale do Taquari que estão com atividades paralisadas, em razão de fatores como falta de luz, da entrada de água na unidade e da dificuldade de transporte do funcionários. Com isso, há um atraso no ciclo, o que reforça a necessidade de garantir comida aos animais que deveriam ter saído, mas permanecem no campo.
Nas regiões de Ijuí, Erechim, Santa Rosa, Bagé e Santa Maria, os estragos na produção agropecuária, em uma análise preliminar, foram menores.
— A nossa preocupação é no que ainda está por vir. Tem previsão de chuva até sexta-feira, e o rio Ibirapuitã que passa por Alegrete já está quase transbordando — pondera o gerente-adjunto da regional de Bagé da Emater, Carlos Eduardo Suertegaray.
Quem está ajudando
Assim como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a Lactalis também está doando alimentos a comunidades gaúchas atingidas. A previsão é de que sejam doados 10 mil litros de lácteos. Parte deles foi entregue nesta quarta-feira para a prefeitura de Teutônia, onde a empresa possui unidade de produção. A cooperativa Languiru também está mobilizada. Seus supermercados estão recebendo arrecadações de donativos para serem entregues a famílias afetadas no Estado.