A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O seguro rural pode começar a pesar mais no bolso do produtor a partir das próximas safras. Depois de três anos seguidos de estiagem no Rio Grande do Sul e agora mais incertezas trazidas com o fenômeno de El Niño no inverno, as seguradoras devem colocar na mesa as suas perdas e os seus ganhos até o momento no setor para desenhar o seu futuro. É o que projetou o presidente da Comissão Especial de Seguros e Previdência Complementar da OAB, Ricardo Villar, durante o Meeting Jurídico realizado nesta terça-feira (01) na Federasul.
— A seguradora obviamente vai ter que rever algumas questões. Ou ela vai deixar de fazer alguns seguros, ou ela vai ter que aumentar o preço do prêmio, porque senão a conta não fecha — afirmou Villar na ocasião.
Para o presidente da Associação Internacional de Direito de Seguro, Juliano Ferrer, que também participou do evento, um movimento que já se percebe é o recuo de seguradoras nesse mercado.
— Isso (fenômenos climáticos como o La Niña, que causou as estiagens), no fim das contas, acabou também impondo às seguradoras prejuízos muito grandes, porque, quando esse mutualismo encontra um índice altíssimo de sinistralidade, as seguradoras têm que tirar do próprio caixa para poder indenizar — justifica ainda Ferrer.
Nos últimos cinco anos, o prêmio do seguro rural quase triplicou e, em 2022, chegou a R$ 13,4 bilhões no Brasil, de acordo com o último levantamento divulgado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
Diante dessa incerteza quanto ao futuro, Villar e Ferrer entendem que o mercado de seguro rural no Brasil ainda é bastante recente e precisa de mais estudos.
— Como calcular quanto vai chover, quanto vai deixar de chover? É difícil. O mercado vem crescendo e precisa de mais auxílio técnico para as seguradoras mensurarem o risco— reforça o presidente da Comissão da OAB.
Os dois advogados também trouxeram a falta de aculturamento do produtor como um impasse na contratação de seguros rurais.
— É como se eu não fizesse o seguro do meu carro porque fazê-lo seria um atestado de barbeiro. Mas é lógico que não. Eu dirijo bem, mas eu posso errar — exemplifica Villar o pensamento do produtor.
Hoje, apenas 17% das áreas agricultáveis são seguradas no Brasil, informou Ferrer.