A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois de uma viagem de 10 horas de ida, 28 crianças e adolescentes de Uruguaiana realizaram nesta quarta-feira (30) um sonho: pisar no parque Assis Brasil, em Esteio, e conhecer de perto a Expointer. A ideia de tirar a gurizada da sala de aula e trazer para, literalmente, o barro das pistas foi do Sindicato Rural do município, Sebrae e Unipampa, em parceria com 10 escolas.
E surgiu da necessidade de esclarecer informações que chegavam às crianças de maneira “distorcida”, explica João Paulo Schneider da Silva, mais conhecido como Kaju, diretor do sindicato:
— Estávamos incomodados com as informações que as crianças poderiam receber, com pouco fundamento e poucas fontes científicas. Conversando com diretoras dos colégios do município, uma delas falou "puxa vida, que bom seria se as crianças da minha escola pudessem ir à Expointer". E aí não deu outra.
Quem disse a frase foi Dinamar Pinheiro Baldez, diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Patrício Lopes, localizada na zona rural de Uruguaiana. Para ela, era realmente um sonho trazer seus alunos para a feira, conta:
— A minha intenção era mostrar para eles como é o agro além da morada deles, como está o agro hoje. Mostrar que é preciso ter uma qualificação para trabalhar, saiu a pá das costas há tempo. E onde poderia mostrar isso senão em uma grande feira?
Para selecionar quem iria para a Expointer, foi feito um concurso. Os alunos tiveram de gravar um vídeo respondendo à pergunta "Qual é a importância do agronegócio para o desenvolvimento regional?".
Entre as atividades, que iniciaram às 8h da manhã e se estenderam até as 20h da noite, a turma conheceu a Farsul, o estande do Banco do Brasil, três empresas de máquinas agrícolas, o pavilhão da agricultura familiar e a casa da prefeitura de Uruguaiana. Também assistiu a uma ordenha no pavilhão do gado leiteiro, a uma aula sobre o julgamento do cavalo crioulo e visitou o pavilhão do gado de corte para conhecer diferentes raças.
Para a estudante Ana Luiza Soares Motta Silva, 14 anos, que quer ser veterinária quando crescer, foi "uma experiência que todo mundo deveria ter":
— Por mais que tu seja do campo, tu precisa sair e tu ver isso aqui. É muito grande, tem animal que tu nunca viu na vida.
É com base nesses relatos que Kaju já projeta próximas edições.
— A gente nem imaginava que era um sonho tão grande dessas pessoas com menor poder aquisitivo. Tem pessoas que nunca saíram da sua cidade — afirma o pecuarista.
E acrescenta, brincando:
— Na próxima, vamos trazer a guriazada em dois ônibus!