A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Banana, laranja, alface e brócolis orgânicos são algumas das frutas e hortaliças que passam agora a fazer parte da merenda escolar em Santa Cruz do Sul. Oficializado no cardápio há duas semanas, a ideia de abastecer as 47 escolas municipais com alimentos cultivados sem defensivos agrícolas surgiu de uma parceria entre o campo e a cidade, explica o secretário de Educação do município, Wagner Machado:
— O município estava preocupado em entregar alimentos de qualidade aos pequenos e fomentar a agricultura familiar na região. Os orgânicos já eram incluídos, mas em menor escala. Com a parceria, se consolidam agora nas refeições das escolas.
De acordo com Diego de Oliveira, presidente da Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas (Ecovale), que firmou a parceria com a prefeitura, a demanda municipal casou com a prospecção de novos mercados que a entidade estava fazendo na época. Atualmente, a cooperativa possui 51 agricultores associados, todos da região de Santa Cruz do Sul.
Desde a chamada pública e a assinatura do contrato em junho até agora, a Ecovale já entregou 1,5 tonelada de alimentos para 22 escolas. O convênio se estende até o final do ano, quando terminam as aulas, e atende às diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
Na propriedade de um dos principais fornecedores da Ecovale, o produtor Perci Darcísio Frantz, sairão de 300 a 400 quilos de frutas como banana, laranja, bergamota e manga toda semana para as escolas públicas.
— A gente produz e sabe que pelo menos uma parte da produção já tem uma venda garantida — celebra a parceria Perci, que diz também se orgulhar de fornecer orgânicos para os alunos.
Para a nutricionista Melissa Lenz, que é coordenadora do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia - núcleo de Santa Cruz do Sul e presta assessoria à Ecovale, “este é um momento histórico”. É a primeira vez que a cooperativa consegue estar presente em programas institucionais do município.
— Quanto mais agroecológicos a gente puder ofertar para as crianças, melhor, porque o valor nutricional é maior e isso tende a aumentar a imunidade delas e influenciar em todo o processo de aprendizagem e desenvolvimento — acrescenta a profissional.
O presidente da Ecovale concorda e acrescenta:
— É uma forma de receberem alimentos de qualidade no prato, muitas vezes a única refeição do dia. E é também um dinheiro investido que fica no município e fecha uma cadeia de desenvolvimento muito interessante. Além de aumentar os espaços de comercialização dos orgânicos.
De acordo com a prefeitura, esse foi um projeto piloto. A ideia é que a quantidade de orgânicos negociados aumente em um próximo contrato que pode ser assinado. Atualmente, em Santa Cruz do Sul, cerca de 29 mil pratos são saboreados diariamente nas 47 escolas públicas.