A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Mesmo depois de três secas seguidas, a safra gaúcha de azeite de oliva bateu outro recorde neste ano. A nova marca histórica de produção no Rio Grande do Sul agora é de 580,3 mil litros, informou o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) e a Secretaria Estadual da Agricultura nesta segunda-feira (3), quando divulgaram os dados consolidados do ciclo 2022/2023. O volume é 29% maior do que o registrado no ano passado e supera em 16,06% a expectativa inicial do setor para essa safra.
Mas, afinal, como isso foi possível? Um dos motivos, explica Paulo Lipp, coordenador do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva), foi, justamente, a estiagem. Parece contraditório, mas não é.
— As oliveiras têm origem do Mediterrâneo, uma região historicamente seca. Tem esse poder de não perder tanta água. É um cactos disfarçado de árvore — brinca ainda o dirigente.
Outro fator que explica esses números é a fase que a cultura vive, de plena expansão no Estado. Do ano passado para cá, o número de lagares, por exemplo, cresceu de 17 para 22. A quantidade de marcas ampliou de 70 para 93. A área plantada deu um salto, de 5,9 mil hectares para 6,2 mil hectares. E a "safra" de prêmios também foi mais farta neste ano até agora.
— Está muito claro que o nosso produto é especial. Diferente do que se tinha até hoje aqui no Brasil — avalia o presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes.
Expansão que não deve parar por aí. Da área total plantada, cerca de 4,3 mil hectares produziram comercialmente neste ano. Só que nem todas com a sua máxima produtividade (a oliveira leva em torno de quatro anos para se tornar comercialmente produtiva), o que deve seguir ampliando o volume safra após safra. O secretário da Agricultura, Giovani Feltes, estima que, nos próximos anos, a produção possa chegar a 900 mil litros de azeite.
Na ocasião, o vice-presidente do Ibraoliva, Flávio Obino Filho, apontou ainda a necessidade de políticas públicas para auxiliar no escoamento dessa produção. E citou como principal entrave a “concorrência desleal de rótulos internacionais, que, muitas vezes, são mais baratos e se dizem extravirgem, mas, na verdade, não são”.