O resultado das exportações brasileiras de frango em março traz uma marca inédita para os negócios: foram 514,6 mil toneladas, alta de 22,9% sobre igual mês de 2022 e maior volume para um único mês. Algo que nem mesmo o setor esperava, como pontua Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). E que é explicado por um conjunto de fatores, que incluem um maior apetite global pelo produto, incluindo o da China, maior comprador, que adquiriu uma quantidade 27% maior do que no ano passado.
— Foi um mês atípico, um volume bastante expressivo. Tem um pouco de embarque que ficou atrasado de fevereiro e o fato de que março teve 23 dias úteis. Quando você tem uma média diária de aproximadamente 20 mil toneladas exportadas, dois dias a mais acabam refletindo em um número bem consistente. Mas a verdade é que mundo está comprando mais — reforça Santin.
Além dos chineses, Iraque e Egito também chamaram a atenção por terem comprado, juntos, 30 mil toneladas a mais do que em março de 2022. Outros mercados importantes, como Arábia Saudita e União Europeia, também buscaram fatia importante.
— Há também uma antecipação, uma precaução de quem compra do Brasil, porque há influenza aviária lá fora e dizem "deixa eu comprar, para garantir que tenha produto". Isso faz com que acabe vendendo mais e tendo esse volume, que provavelmente não se repetirá, no mês que vem, acima de 500 mil toneladas. Mas deve ficar acima das 400 mil toneladas, fazendo com que haja um crescimento bastante positivo durante o ano — completa o presidente da ABPA.
No primeiro trimestre de 2023, os embarques de frango do Brasil somaram 1,314 milhão de toneladas, alta de 15,1% ao embarcado no mesmo período de 2022. Em receita, o resultado foi 25,5% maior, com US$ 2,573 bilhões entre janeiro e março.
— Há um contexto de mercado que favorece os números recordes para o mercado chinês. A retomada dos níveis de consumo com o fim das restrições à circulação de pessoas se somou à queda nos níveis de alojamento de aves nas granjas comerciais da China, gerando aumento da demanda pela importação de carne de frango do Brasil — avalia Luís Rua, diretor de mercados da ABPA.
No trimestre, a China foi o principal destino da proteína brasileira, com 187,9 mil toneladas, 24,5% a mais do que igual período do ano passado. Outros destaques foram Arábia Saudita, com 96 mil toneladas (+69,9%), União Europeia, com 62,2 mil toneladas (+24,1%) e Coreia do Sul, com 50,9 mil toneladas (+43,7%).