Em meio a uma crise financeira, a Cooperativa Languiru, com sede em Teutônia, no Vale do Taquari, firmou nesta quarta-feira (22) um protocolo de intenções com as empresas chinesas ITG e TJJT. O movimento, que é classificado pela diretoria como de reestruturação, indica a perspectiva de uma nova parceria (em formato ainda a ser definido), dessa vez nas áreas de proteína animal (frigoríficos de bovinos, aves e suínos) e de ração. Para que o interesse sinalizado seja efetivado, será necessário, antes, obter a aprovação dos associados — em assembleia geral marcada para o próximo dia 30.
— Hoje demos um passo fundamental. Em crises, é importante olhar para oportunidades. A crise nos abriu novas portas a parceiros que buscam qualidade e querem crescer mais — disse o presidente da Languiru, Dirceu Bayer, ao falar sobre o protocolo de intenções.
Em videoconferência transmitida em tempo real a dirigentes das marcas chinesas, Bayer apontou o histórico recente de dificuldades enfrentadas a partir de uma combinação de fatores como aumento dos custos de produção, pandemia, a volatilidade de produtos e insumos pela guerra na Ucrânia, disparada histórica de commodities, aumento de juro e do custo financeiro. O dirigente afirmou que o pós-pandemia "desestruturou toda e qualquer referência que tínhamos no passado":
— E as apostas de investimento passaram a ter um risco muito maior.
A holding ITG é uma estatal chinesa, e a TJJT, uma empresa de capital privado. Juntas, têm a JV Company, que atua no segmento de proteína animal, com frigoríficos de carne bovina. Sócia majoritária da TJJT e CEO da JV Company, Li Ping Huang falou sobre o interesse despertado a partir da visita ao Estado. Ela e o vice-presidente de mercado externo, Jing Hao Zhang, tinham interesse no segmento e ficaram impressionados com a estrutura que viram nas plantas da cooperativa.
— Queremos crescer juntos com a Languiru, com uma imagem internacional, para entrarmos em mais mercados — frisou Li Ping.
Os valores a serem investidos e a forma de parceria (se uma sociedade majoritária ou minoritária) ainda serão definidos. O próximo passo, segundo a CEO, é fazer uma investigação para que possa ser traçada a estratégia. O aporte a ser feito está inicialmente estimado entre 500 milhões e 1 bilhão de renmimbi (moeda chinesa) — entre R$ 379 milhões e R$ 759 milhões, aproximadamente.
Antes disso, no entanto, é preciso ter o aval dos associados, via assembleia geral. Será feita uma reunião com associados para detalhar o protocolo de intenções. Na semana passada, a Languiru já havia anunciado um acordo com a francesa Lactalis para a captação do leite. A cooperativa tem 6 mil associados.