Preocupa a situação financeira da Languiru, uma das cooperativas mais conhecidas do Rio Grande do Sul. Recentemente, o presidente Dirceu Bayer já havia aberto as dificuldades que a empresa enfrentava especialmente no segmento de aves e suínos. Na ocasião, disse que seria feita uma reengenharia do negócio e uma redução do quadro de funcionários em 500 pessoas. A aposta seria em atividades mais lucrativas, o que inclui outros investimentos que a cooperativa seguia anunciando, inclusive em logística, como o aporte de R$ 40 milhões em um complexo portuário em Estrela.
Agora, a Languiru encaminhou um documento aos bancos credores, já que, depois de dois anos de grandes prejuízos, o endividamento da cooperativa é um dos pontos mais preocupantes, superando R$ 1 bilhão. No texto, ao qual a coluna teve acesso, fala em "caixa exaurido" e pagamentos atrasados já com fornecedores e prestadores de serviços. Com bancos, as quitações estavam em dia, mas avisa que "até a entrada de recursos via associação ou venda de ativos, não há qualquer possibilidade de efetuar-se pagamentos aos credores financeiros". A proposta é alongar o prazo médio da dívida por sete anos.
O comunicado, assinado pelo presidente da Languiru, diz que foi iniciada a renegociação das dívidas, a busca de outras cooperativas que queiram associar-se e o estudo para venda, até integral, da operação de aves e suínos. Atribui como motivos a alta da taxa de juro Selic, redução do poder de compra dos consumidores, estiagem e alta de insumos.
A coluna solicitou uma nova entrevista com o executivo para falar sobre o documento e a situação atual da companhia. Ainda não obteve retorno. Decisões do presidente têm sido questionadas por associados. O próprio documento fala que os R$ 300 milhões investidos pela Languiru recentemente não trouxeram o resultado esperado.
Fundada em 1955, a Languiru tem 5,8 mil associados e 3,4 mil funcionários, o que já aponta o efeito dominó que uma quebra da cooperativa provocaria. A sede fica em Teutônia. Ela vinha ampliando a sua atuação na captação de grãos, além dos segmentos de carnes, leite, rações, lojas agropecuárias, supermercados, postos de combustível e farmácia.
Atualização: No final da manhã, Dirceu Bayer divulgou um vídeo direcionado aos associados negando que a cooperativa irá quebrar. Reforçou que a reestruturação ainda não deu resultado, mas que seguirá sendo feita, nem que a Languiru encolha de tamanho. Reafirmou que a ideia é ampliar os prazos dos financiamentos com bancos para usar o dinheiro para pagar os fornecedores.
Documento enviado pela Languiru aos bancos credores
Vídeo do presidente Dirceu Bayer
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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