A parceria anunciada entre a Lactalis e a Languiru contemplará um universo de 925 propriedades e 1,23 mil associados, responsáveis por uma produção, em média, de 350 mil litros de leite por dia. O volume passa a entrar na conta da empresa francesa que hoje já é líder no Brasil, com 2,5 bilhões de litros captados por ano para atender a 21 unidades fabris espalhadas por oito Estados. Para a cooperativa, o movimento faz parte do processo de reestruturação diante da crise enfrentada. Nesta sexta-feira (17), uma reunião com os líderes dos 46 núcleos e com os associados detalhará o acordo e abordará tratativas em andamento no segmento de aves e suínos.
Presidente da Languiru, Dirceu Bayer diz que não se trata de venda da indústria de laticínios mas, sim, de um passo para a sustentabilidade da cooperativa e dos produtores. E acrescenta que o restante do volume produzido seguirá sendo industrializado pela Languiru:
— Não vendemos a nossa indústria de laticínios, iremos continuar operando, e maquinários obsoletos poderão ser negociados com a própria Lactalis e outras empresas.
O acerto firmado entre as duas partes prevê que a cooperativa dê como contrapartida o fomento à produção junto aos associados, com foco na ampliação de volume. Para a Federação dos Trabalhadores no Estado (Fetag-RS), a parceria traz dois vieses. Um é a preocupação que se tinha com a situação dos produtores de leite (em boa parte, familiares). O outro, a inquietação com a perda do poder de negociação, pondera Eugênio Zanetti, vice-presidente da entidade:
— Quanto mais concorrência (de empresas), melhor (para o produtor).