Pé na areia, água de coco, milho e violinha. Para fazer essa combinação que faz sucesso no veraneio gaúcho chegar à beira-mar, por vezes, é preciso percorrer um longo caminho. Quando se trata de garantir o sabor das férias no Litoral, no entanto, não há limites ou divisas que possam atrapalhar. Em clima de verão, a coluna foi atrás para saber de onde vem a produção desses alimentos. Confira:
Colheita de milho pertinho da beira-mar
Preparado com manteiga e sal, o milho verde está no pódio das principais pedidas nos quiosques do Estado. E é prata da casa, ou seja, a maior parte vem da própria região, de municípios como Maquiné, Três Forquilhas e Torres. O Estado é um dos principais produtores do país.
— É um mercado muito vantajoso. Tem municípios que chegam a produzir só milho com a chegada do verão para atender os quiosques — detalha o assistente técnico do Escritório Regional de Porto Alegre da Emater, Luís Bohn.
É o que faz a família Elizandro de Souza, de Terra de Areia, uma das 600 do Litoral Norte que abastecem as praias com milho verde. Dos 70 hectares plantados, sete destinam-se a esse produto — resultam em cerca de 280 mil espigas. E no inverno, o trabalho é com repolho, couve-flor e brócolis na propriedade.
Água de coco do Sudeste e do Nordeste para dar refresco
A água de coco é uma das bebidas mais servidas nos quiosques à beira-mar do Litoral Norte. O produto, no entanto, vem de longe, já que coco verde não é produzido no Estado. Entre os principais fornecedores está o Espírito Santo — são cerca de 2 mil quilômetros até a chegada na Centrais de Abastecimento do Estado (Ceasa/RS), que realiza a distribuição no RS.
Só em janeiro de 2022, um dos meses de maior fluxo, a Ceasa/RS recebeu 36 toneladas do ES, conta o gerente técnico Claiton Colvelo. No mesmo mês, outras 21 toneladas vieram de São Paulo, que recebe o produto do Nordeste, dos Estados da Bahia, Pernambuco e Sergipe.
No interior do Espírito Santo, em Rio Bananal, Diones Ramos é um dos centenas de produtores que produzem coco verde e vendem para o Rio Grande do Sul. Na sua propriedade familiar, há três hectares, com 200 palmeiras cada. Por ano, Diones calcula produzir 120 mil quilos de coco verde, além de café e pimenta do reino.
— Comecei com a plantação porque já tinha trabalhado com coco antes (como funcionário de uma propriedade). Quando a gente adquiriu a nossa terra, sugeri esse plantio. É um bom negócio, produz bem, um coco graúdo, e tem demanda — conta o produtor.
O sabor da violinha pescada nas lagoas gaúchas
Servida à milanesa, a violinha também faz sucesso sob os guarda-sóis. De água doce e pequeno — de três a 10 centímetros, o peixe, assim como o milho, também vem de território, ou melhor, das águas gaúchas. Ana Spinelli, coordenadora de assistência técnica e extensão rural de pesca artesanal da Emater, estima que duas mil famílias estão envolvidas com a pesca no Estado. E a captura ocorre na Lagoa Mirim e no complexo de lagoas costeiras ao mar.
— É uma pesca de pequena escala. E a continuidade da atividade se dá quando a família está envolvida, porque envolve questões como consertar rede fazer a manutenção do barco — acrescenta Ana.
De Jaguarão, Dejanira Machado é uma das pescadoras que, junto com seus pais, captura a violinha na Lagoa Mirim.
— É negócio de família, meus avós paternos e maternos trabalhavam com isso, minha mãe se casou com meu pai que já era pescador e abriu uma peixaria para vender o nosso pescado e ter uma melhor renda — contextualiza Dejanira.
Nesta época do ano, são de 750 quilos a 1,2 mil quilos por quinzena. A “safra” deste ano ainda não começou por causa do defeso (período em que a pesca não é permitida por lei).
*Colaborou Carolina Pastl