Os ingredientes que colocam o tempo novamente no radar de preocupação para a colheita de grãos de verão Rio Grande do Sul vêm do passado, do presente e do futuro. Os gaúchos tiveram uma frustração causada pela estiagem na última safra, vivem um período seco e têm pela frente um prognóstico que poderá trazer desafios. Combinação potencializada por cada dia sem chuva significativa e bem distribuída. No curto prazo, a previsão aponta dias secos e quentes na maior parte do Estado. O boletim integrado agrometeorológico da Secretaria da Agricultura até quarta-feira (28) indica volumes inferiores a 10 milímetros na Campanha, Fronteira Oeste e Missões. No resto, oscilam entre 15 e 30 mm, podendo passar de 40 mm no Leste e no Nordeste.
— Os produtores estão apreensivos, são chuvas esparsas. E precisa de umidade para a soja germinar bem — observa Décio Texieira, vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosja-RS).
A cultura ainda tem um longo caminho pela frente até a colheita e oferece uma grande capacidade de recuperação. Motivo que ainda traz a expectativa de uma boa colheita. Fevereiro e março, quando a maior parte das lavouras está em floração e enchimento de grãos é o período em que se define o potencial produtivo. E quando a umidade não pode faltar.
O ponto de atenção vem do prognóstico do Conselho Permanente de Agrometeorologia Aplicada do Estado (Copaaergs) para os três primeiros meses de 2023. Como publicou a coluna, a chuva deve ficar próxima à média — com variações para mais e para menos, uma condição nem sempre satisfatória face à necessidade.
— No nosso verão, a demanda evaporativa é alta, muitas vezes maior do que a exigência hídrica das culturas. É um cenário que pede atenção — pondera Loana Cardoso, agrometeorologista coordenadora do Coopaergs.
E que chega depois de uma primavera seca. O vice-presidente da Aprosoja-RS acrescenta que a temperatura elevada é um problema:
— Vai torrando o solo, desaparece a umidade e atrasa o desenvolvimento da planta.
Janeiro tende a ser mais chuvoso, observa Loana, mas fevereiro e março trazem um panorama de irregularidade. As precipitações podem ficar acabar ficado concentradas em poucos dias.