Duas potências da produção agrícola mundial, Brasil e Estados Unidos vivem um momento de contrastes neste período do ano. Em solo americano, a colheita da safra de verão está quase concluída, e o frio, as temperaturas negativas e a neve já compõem a paisagem. Nas terras brasileiras, é o ciclo de inverno que vai em direção ao encerramento, com as altas temperaturas marcando os dias e prenunciando o novo ciclo. A coluna pôde acompanhar de perto a realidade produtiva em Iowa, Maryland e Nebraska dentro da programação de um intercâmbio sobre Segurança Alimentar e Comércio Internacional, promovido pelo Departamento de Estado. Nesse giro, foi possível ver (e sentir na pele) os desafios impostos pelo clima temperado e as diferenças em relação à agricultura tropical.
Conforme a Associação de Produtores de Soja de Iowa (ISA, na sigla em inglês), janeiro e fevereiro são os meses mais frios. Ao longo do ano, são entre 60 e 90 dias com temperaturas que vão de 0ºC a graus negativos, quando a área de produção fica em compasso de espera, geralmente coberta por muitos e muitos centímetros de neve. Na Longview Farms, que fica em Nevada, no Estado americano de Iowa, em meados de novembro o fenômeno já coloria de branco os campos recém colhidos de soja, milho (grão e semente) e sorgo. Quarta geração da família Henry no agronegócio, Eric explica que o frio intenso (e a neve) ajudam na contenção de pragas e também na preservação da matéria orgânica do solo — mais à frente, você conhecerá em detalhes a história dessa propriedade.
A administração do negócio (que soma mais de 4 mil hectares entre áreas próprias e arrendadas) ganha um outro ritmo na estação do frio. É o momento de focar na criação de gado, de armazenar e entregar a produção de grãos, fazer consertos necessários e ajustes nas máquinas. A jornada semanal dos funcionários também costuma ficar mais curta (em torno de quatro dias na semana). No período da colheita, são 20 pessoas trabalhando para dar conta do recado.
No dia da visita à Longview, o termômetro marcava -8ºC, com um vento gelado que deixava uma sensação térmica de um frio ainda maior, o que dá uma ideia do desafio de estar a campo no inverno. Importante registrar, também, que a temperatura ainda estava em um patamar "moderado" para os padrões de Iowa. O Estado é o maior produtor de milho dos Estados Unidos e também se destaca na produção etanol, biodiesel, suínos e ovos (leia mais abaixo).
A produção em Iowa
- O Estado de Iowa tem 84,9 mil propriedades, mais de 90% delas consideradas familiares
- O tamanho médio tem se mantido estável: 145 hectares, segundo dados de 2021
- Entre os Estados americanos, é o maior produtor de suínos, milho, ovos, etanol e biodiesel
- Está entre os cinco maiores na produção de soja, carne bovina, número de propriedades e exportações do agro
- Um em cada cinco empregos no Estado vem da agricultura
- O faturamento da agropecuária soma US$ 26, 2 bilhões, dos quais US$ 13,7 bi são das lavouras e US$ 12,6 bi da pecuária
Fonte: Iowa Farm Bureau