A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A produção brasileira de carne suína conquistou esta semana mais um espaço importante no mercado internacional da proteína, com a abertura do mercado do México para o Brasil.
Por enquanto, as exportações ficarão a cargo de frigoríficos de Santa Catarina. Quando se deram as negociações com as autoridades mexicanas, o Estado vizinho era o único reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como livre de febre aftosa sem vacinação. Como o Rio Grande do Sul também conquistou a certificação posteriormente, a expectativa é de que o país abra mercado para cá no futuro. O mesmo se aplicaria ao Paraná.
Na avaliação do diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luís Rua, trata-se de um primeiro passo muito celebrado pelo setor.
E a relevância deste ato se dá pelo tamanho do negócio: o México é o segundo maior destino das exportações globais de carne suína. Os volumes chegam perto de 1 milhão de toneladas. Por isso, trata-se de uma das maiores aberturas já conquistadas pelos produtores.
— Essa abertura que estamos comemorando agora é como um gol em Copa do Mundo. Levou 15 anos para acontecer e é um passo importantíssimo colocar o pé nesse mercado de lá — diz Rua.
— Em termos quantitativos, é bem expressivo. É evidente que temos de ter alguma cautela porque hoje eles (o México) são abastecidos pelos Estados Unidos, que têm vantagens em relação a nós, como a proximidade e a logística. Mas, sem dúvida, é mais um mercado que se abre — avalia Rogério Kerber, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips).
Os trâmites para que o Rio Grande do Sul também se torne destino de produtos ao México depende de sinalização comercial do próprio país. Só então se fariam as novas habilitações. Do ponto de vista sanitário, não há mais nada a ser feito, esclarece o diretor da ABPA.
Segundo a entidade, a decisão pela abertura responde a questões internas. O México vem enfrentando problema inflacionário grande, além de que os Estados Unidos estão com uma oferta menor de carne. Nesse contexto, viram que quem poderia ajudar seria o Brasil.
O produto brasileiro terá fins de complementariedade, não competindo com a produção local.
— O nosso trabalho é para que todos os países que façam essa exigência sanitária, que abram o mercado para nós. O Chile está vindo para uma missão, por exemplo. Estamos trabalhando com Japão, Coreia do Sul, EUA, Canadá e agora temos o México para ampliar — diz Rua.
— Pensando como país, temos que comemorar. Certamente vamos continuar trabalhando para que seja estendido a todas áreas com produção de suínos que têm o mesmo status sanitário de Santa Catarina — completa Kerber.