Veio da indústria de aves e de suínos um novo alerta para a necessidade de o Brasil avançar nos acordos comerciais bilaterais com outros países. A falta deles poderá, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), constituir-se como um entrave à competitividade global.
Tanto que consta em estudo realizado pela entidade sobre o tema e que deve ser apresentado em detalhes no Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura, que será realizado entre a terça e a quarta da próxima semana em São Paulo.
— O Brasil precisa, sim, entrar de maneira forte com acordos para poder competir com concorrentes no futuro — destacou Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Conforme o levantamento, o Brasil tem acordos comerciais com 12 países (Paraguai, Uruguai, Argentina, Egito, Índia, Israel,México, Botsuana, Lesoto, Namíbia, África do Sul e Eswatini). E, segundo a entidade, "quase todos não contemplam as carnes de frango e suína".
A título de comparação, a União Europeia tem hoje 42 acordos, o Reino Unido, 35, a Islândia e a Suíça, 32, a Noruega 31, o Chile, 30 e a Tailândia, 20.
A importância da inserção nas cadeias globais de valor também foi pontuada por Lígia Dutra em palestra sobre adição de valor e diferenciação a alunos do Insper. Hoje diretora de Relações Governamentais da Cargill, ela esteve à frente da área de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
— Estar inserido no comércio internacional traz também muita vantagem competitiva, porque você consegue ter acesso aos melhores insumos e reduz os custos dos elos, e isso te favorece a industrializar outros produtos — explicou, ao abordar as formas de agregação de valor.