No ano em que a safra de verão foi duramente impactada pela estiagem, veio da metade sul do Estado, que convive de forma mais recorrente com o estresse hídrico, a maior produtividade obtida no Ensaio de Cultivares em Rede de soja. Foram 120 sacas por hectare — um contraste com as 23,9 sacas de média no Rio Grande do Sul, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Realizado por Federação da Agricultura do Estado (Farsul) e Fundação Pró-Semente, o estudo monitora áreas de lavouras com o objetivo de avaliar o desempenho de diferentes cultivares em diferentes regiões.
Na safra 2021/2022, foram testadas a campo as 40 cultivares com maior expressividade comercial e alguns lançamentos, em três microrregiões do território gaúcho (somando 11 municípios). Coordenadora da pesquisa, Kassiana Kehl reforçou que "a estiagem foi severa desde o início" do ciclo. Quando registrada, a chuva foi mal distribuída. Além disso, a mortalidade de plantas em função de ataque de fungos do solo foi outro problema verificado. Foram duas épocas de semeadura, com sementes de ciclo precoce e médio.
Bagé, na Campanha, integra a microrregião 1. A maior produtividade de todo o estudo, 120 sacas por hectare, veio de lá, com uma variedade de ciclo precoce, da segunda época de semeadura.
— O histórico nos traz que Bagé normalmente tem uma menor condição de chuva, mas neste ano, Pelotas e Bagé foram muito bem. Bagé teve um pouco mais de chuva, foi uniforme — explica Kassiana.
A pesquisa mostra, mais uma vez, que a escolha da semente adequada para a realidade de cada região tem impacto direto sobre o bolso do produtor. Considerando a diferença entre a maior e menor produtividade obtidas em variedades precoce de 2ºplantio em Bagé, a diferença entre a maior (120 sacas por hectare) e a menor e produtividade (66 sacas), resulta em R$ 9,5 mil por hectare, a mais ou a menos.
— Esse estudo mostra o que costuma andar melhor em cada região, com a possibilidade de resgate de dados históricos. E falar de semente hoje é algo fundamental, é um item que equivale a 15% do custo de produção — enfatiza Eduardo Condorelli, superintendente do Senar-RS, patrocinador do estudo.
O resultado completo, incluindo as demais microrregiões pode ser acessado no site da Farsul (farsul.org.br) e da Fundação Pró-Sementes (fundaçãoprosementes.com.br).
Outros resultados
- Na microrregião 102, a maior produtividade foi obtida em Passo Fundo, com uma variedade de ciclo precoce, de segunda época de semeadura: 91 sacas por hectare
- Na microrregião 103, o maior rendimento foi com uma variedade de ciclo precoce, de segunda época, com 74 sacas por hectare