Apesar de já encerrada, a estiagem do último verão ainda assombra os produtores gaúchos de soja. Agora, a preocupação é com a safra futura e passa a ser sentida por quem já saiu às compras de sementes para preparar a próxima lavoura.
A Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul) estima que a quebra de produção do insumo tenha sido similar ao da soja em grão: pela metade. No caso do grão, comercializado para indústria de biodiesel, ração animal e alimentícia no geral, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a perda foi de 56%, fazendo com o que o Estado tenha colhido somente 9,11 milhões de toneladas. Já para as sementes, ainda não foi divulgada o volume desta safra. Em 2020/2021 foram produzidas quase 450 mil toneladas.
E é o que aconteceu na Strobel Sementes, empresa com sede em Condor, no norte do Estado, que produz, distribui e vende o insumo. De acordo com o responsável técnico Thiago Strobel, de 60 mil sacas previstas, se conseguiu produzir apenas a metade, 30 mil sacas.
— A falta de chuva afetou tanto na produtividade das lavouras responsáveis por gerar descendentes quanto na qualidade do grão. Como entregamos ao mercado sementes com excelente índice de germinação e vigor, reduziu ainda mais a oferta — explica o empresário.
Na prática, seguindo a lógica da oferta e da procura, o produtor deve estar encontrando o insumo mais caro. Mas, analisando a conjuntura do mercado, não é o que prevê o diretor executivo da Apassul, Jean Carlos Cirino, por pelo menos dois fatores: tradicional excedente e ajuste de oferta de acordo com a demanda interna.
— Em toda safra gaúcha de semente de soja, sobra 27% do que é produzido. E, dos 73% comercializados, 50% vai para outros Estados. O que deve acontecer é um rearranjo de vendas no setor, focando mais no mercado interno — observa o dirigente.
*Colaborou Carolina Pastl