Nos últimos três anos, o rebanho bovino gaúcho vinha diminuindo cerca de 2% ao ano, de acordo com o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da UFRGS. Agora, parece ter estabilizado em 11,15 milhões de cabeça — mas em um patamar ainda abaixo do que o registrado no ano passado. E os motivos são vários: preços altos, associação à carne como um agente poluidor, avanço da fronteira agrícola da soja. Para tentar resolver esse problema, representantes dos pecuaristas, da indústria e do varejo gaúcho se reunirão de forma inédita nesta quinta-feira (7), na Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Será o 1º Fórum da Cadeia Produtiva da Carne Bovina.
— Não queremos que ocorra com a carne bovina o mesmo que aconteceu com a ovina ou que está acontecendo hoje com o petróleo. Se não resolvermos essas dificuldades agora, nós seremos os próximos a sucumbir — justificou Luis Felipe Barros, presidente do Instituto de Desenvolvimento Pecuário (IDPec), entidade promotora do evento, em parceria com a Farsul e o NESPro.
A conversa será a estratégia utilizada pelo setor para desenhar possíveis soluções para a diminuição do rebanho. Para isso, para além das falas institucionais que ocorrerão ao longo da manhã, à tarde, cada uma das partes da cadeia produtiva — produtor, indústria e varejo — terão 30 minutos para expor suas dificuldades.
Dentre os assuntos da pauta, Luis Felipe adianta que estarão a necessidade de uma padronização do que é carcaça pelos frigoríficos (hoje, não há consenso, havendo precificação de forma distinta aos produtores) e de comunicação com o público urbano de que a carne bovina não polui. Ao final, a ideia é pensar em como resolver as questões em conjunto.
— Inexiste diálogo entre a cadeia produtiva. Nossa ideia é trazer todos para o mesmo “pasto”. Se sairmos com um grupo de WhatsApp formado já vai ser grande coisa — acrescentou o dirigente do IDPec.
*Colaborou Carolina Pastl