Os custos de produção e o consumo interno e externo elevados são os principais desafios enfrentados hoje pela avicultura brasileira, na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. A reflexão foi feita ontem, no Dia Mundial do Frango.
No caso da alta dos custos de produção, o cenário é influenciado por pelo menos um grande fator, na visão do dirigente da ABPA. É o conflito Rússia-Ucrânia, que aumentou a pressão sobre os preços internacionais de grãos. No caso do milho, por exemplo, os dois países representam 17% do comércio mundial. Pode-se dizer que um segundo estimulante seria a própria quebra da safra de verão, ocasionada pela estiagem, que afetou lavouras no Sul do Brasil.
Em relação à demanda interna e externa, a questão é quanto ao abastecimento. Para se ter uma ideia, no mercado brasileiro, a carne de frango é a mais consumida. De acordo com dados do Relatório Anual da ABPA, o consumo per capita do produto alcançou 45,56 quilos em 2021 (veja gráfico acima). É o segundo maior índice já registrado pelo setor, que desde 2010 mantém níveis de consumo acima de 40 quilos per capita.
Nas exportações, os países da Ásia (especialmente, China), Europa, África e nações das Américas seguem com forte demanda pelo produto brasileiro. Até o primeiro trimestre, as vendas internacionais do produto brasileiro estavam 10,2% superiores ao registrado no mesmo período de 2021 (ano de recorde das exportações), com total de 1,142 milhão de toneladas exportadas. A expectativa é de novas elevações em abril, com vendas mensais acima de 410 mil toneladas.
— De fato, o cenário é favorável ao produto brasileiro. Entretanto, o setor vive a sua mais severa crise de custos de produção, com altas superiores a 100% no milho e no farelo de soja, acumuladas ao longo dos dois últimos anos e com especial impulso neste início de 2022. Adicione a isto as elevações dos custos de fretes marítimos, do diesel, das embalagens de plásticos e papelão e diversos — justifica Santin.
*Colaborou Carolina Pastl