Conforme a colheita de soja evolui no Rio Grande do Sul, a fotografia dos estragos causados pela estiagem vai ficando mais nítida. Nesta quinta-feira (07), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e IBGE divulgaram novas estatísticas sobre a produção de grãos de verão. No país, ambos mantêm a perspectiva de um volume maior no total das culturas, embora a proporção seja diferente.
Em relação ao resultado do principal produto da estação, a soja, a variação fica menor. Segundo a Conab, a colheita do grão está estimada agora em 10,21 milhões de toneladas, o que representa redução de 50,8% sobre a safra passada. Os dados foram coletados no período de 20 a 26 de março. Na perspectiva do IBGE, a produção fica em 9,5 milhões de toneladas, recuo de 53,5%. O número também se aproxima do divulgado em março pela Emater, que previa volume de 9,54 milhões de toneladas, diminuição de 52,1%.
— Pelo segundo ano seguido, há impacto e influência do La Niña nas lavouras. Na safra 20/21, afetou mais o milho primeira safra (no Rio Grande do Sul). Na 21/22, houve uma restrição hídrica mais abrangente. As lavouras de soja já tiveram o stand deficiente, desuniformidade na semeadura e no desenvolvimento — pontua a superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Candice Mello Santos.
No dado mais recente da companhia, a colheita do grão alcançava 19% do total semeado. Candice acrescenta que tem boa parte das lavouras em maturação e enchimento de grãos. Mas o peso da falta de chuva já se mostra grande, em razão das principais áreas produtoras do Estado serem as mais adiantadas e as que mais sofreram com a estiagem. Com o encolhimento da produção de soja, o RS também perde espaço na participação no cenário nacional, que está estimada em 8% (no ano passado, tinha sido 15%).
Há perdas previstas em todas as culturas de verão cultivadas pelos gaúchos: no arroz, que é 100% irrigado, no feijão (primeira e segunda safra), no milho e na soja.
Mas é em razão da representatividade de milho e soja (mais de 90%) na produção brasileira que o impacto da falta de chuva aparece também nos números nacionais. As 269,3 milhões de toneladas de grãos estimadas agora pela Conab seguem representando aumento de 5,4% em relação ao ciclo passado, mas uma redução de 19,3 milhões de toneladas(ou 6,7%) sobre o primeiro levantamento deste ciclo. Reflexo das condições climáticas adversas não só no RS, mas em toda a região sul do país e no centro-sul de Mato Grosso do Sul, com perdas maiores na soja e no milho.
Para o IBGE, a colheita do Brasil está projetada em 258,9 milhões de toneladas, 2,3% a mais da de 2021, mas com redução de 1 % (-2,7 milhões de toneladas) em relação ao estimado em fevereiro.