No município gaúcho que ostenta o título de maior produtor de soja, Tupanciretã, o efeito multiplicador - e na lógica inversa, devastador - na economia é proporcional ao de um líder. O comércio, os serviços, enfim, a vida cotidiana da cidade gira no embalo do grão. Conforme Marcio Dias, secretário de Desenvolvimento Rural, Industrial e Comercial, 90% da arrecadação do município é direcionada pela produção agropecuária.
O que quer dizer que, quando há impacto no campo, há também na receita local. E se os prejuízos nas lavouras e nos rebanhos são imediatos, as marcas deixadas por uma estiagem, assegura o secretário, demoram para ser apagadas:
— O efeito da safra deste ano terá um reflexo daqui a dois. E a arrecadação em 2021 está baixa não por causa dessa estiagem de agora, mas, sim, porque em 2019 também sofremos com estiagem aqui na região.
Para se ter uma ideia, só na soja (foto) o prejuízo atual em Tupanciretã é estimado entre R$ 1,25 e R$ 1,3 bilhão (considerando apenas o valor bruto). E o total de arrecadação do município, hoje, está acima de R$ 1,2 bi.
— Essa estiagem não está afetando o momento, mas os próximos anos. E me preocupa o que farão para viver e honrar seus compromissos os produtores — observou o prefeito Gustavo Terra ao programa Gaúcha Atualidade.
Hoje, o levantamento de perdas realizado pela Emater local deverá ser atualizado. No mais recentemente divulgado, a soja já acumulava quase 50% de redução na produtividade média estimada inicialmente, passando de 58 para 30 sacas. E, de lá para cá, a situação não teve melhora do ponto de vista hídrico. Estima-se que esse percentual já seja de 70%, com algumas lavouras chegando até 90% de perdas.
— Atuo há 32 anos no município e já enfrentamos estiagens, nenhuma tão severa quanto essa, está atingindo todo o município — afirma Gilberto Welzel, chefe do escritório municipal da Emater.