Diretor de Vendas da John Deere no Brasil, Marcelo Lopes esteve em Não-Me-Toque acompanhando de perto a movimentação no estande da marca na Expodireto. Em entrevista, ele falou à coluna sobre o momento vivido pelo setor. Confira trechos.
Como foi a transição da marca no Brasil com a aposentadoria de um executivo tão marcante como o Paulo Herrmann?
Uma empresa como a nossa, quando decide quem vai assumir, essa pessoa foi escolhida em função exatamente do que a companhia espera desse desafio da liderança. Foi muito tranquila a mudança. O Paulo é uma figura muito carismática, é uma liderança muito forte. Então, vejo que não é o caso de você pensar em quem sucede ele. É uma sucessão na presidência. Vai ser outro momento, outro perfil de liderança. Há uma constância, não uma ruptura.
Como é poder voltar a interagir com clientes em feiras?
O virtual nos ensinou que muita coisa que se tinha visão de que não poderia ser feita, dá para fazer. Como ser humano, adoro isso aqui (deu a entrevista na Expodireto), precisamos ter conexão com as pessoas, que o virtual não nos traz nessa intensidade. O desafio é: como continuamos usando o virtual para dar alcance, eficiência, ao mesmo tempo em que voltamos a ter esse convívio, fundamental.
Problemas na logística de suprimentos ampliaram o prazo de entrega. Como está hoje?
Varia conforme o equipamento. Em alguns, o prazo pode ser de oito meses, às vezes são importados, que chegam a mais de 12 meses, mas há equipamentos em estoque na concessionária hoje. Tem um ensinamento da situação muito positivo: o mercado precisa se planejar. Hoje, o nível de demanda está mais equilibrado, e isso é positivo porque a euforia pode trazer consequências ruins, e já vimos isso no nosso mercado. Um pico, e depois vem a ressaca. Conseguir reestabelecer a cadeia (de suprimentos) com a demanda no pico é o que está gerando essa percepção de que falta tudo. Apesar da dificuldade, a indústria tem conseguido entregar mais do que entregava. É o tanto que o produtor queria? Não, mas é o viável de se fazer agora.
Quanto aumentou a espera por conta dos suprimentos?
Temos tratores menores com estoque em concessionária. Qualquer modelo, configuração? Provavelmente não. Mas existe disponibilidade para entrega que pode ser de 15, 30 dias. Em equipamentos mais sofisticados, esse prazo sobe. Diria que pode ter aumentado 50%, foi de quatro para seis meses. Acho que antes o agricultor tomava a decisão pensando na necessidade de curto prazo. Agora, começa antes.
A conectividade é uma prioridade para a John Deere?
Há mais ou menos um ano e meio, a empresa fez uma revisão da estratégia, que a gente chama de smart industry, com intuito de ser mais ágil, com foco cada vez maior em tecnologia. E a gente dividiu em três pilares: sistema de produção, pacote tecnológico e ciclo de vida. No primeiro, a gente precisa entender como o cliente trabalha, quais as dores dele, para que possamos dizer em que momentos é possível participar e ajudá-lo a ser mais competitivo e sustentável.
O segundo pilar inclui todo esse trabalho de agricultura de precisão, de suporte conectado. Então, esse é um pilar importantíssimo dentro da empresa hoje. Fizemos recentemente o lançamento de um trator autônomo, da tecnologia do see & spray, isso vai dando o direcionamento. Dentro do terceiro pilar, queremos manter um relacionamento com o cliente durante todo o ciclo de vida do equipamento.