Nascido na Capital, o analista internacional Matheus Zimmermann Fredrich foi “fisgado” pelo agronegócio. Hoje, além da missão de coordenar a área de supply chain (cadeia de suprimentos) da Selecionados Uniagro, empresa atacadista de alimentos, ele se diz um aprendiz de agricultor. Há três anos, iniciou o cultivo de nogueiras pecan em Águas Claras, Viamão, na Região Metropolitana. Sobre a nova atividade, afirma que está “sofrendo bastante e aprendendo muito”. Na empresa, faz parte da sua rotina buscar os melhores fornecedores, onde quer que estejam, para fazer chegar à mesa tradições como a das frutas secas no período de festas. Confira um pouco dessa história.
Você tinha alguma relação prévia com o agro? Ou veio na trajetória profissional?
Minha família tem terra no norte do Estado, voltada ao arrendamento para produção de soja. Sempre gostei desse meio, mas pela distância, acabava não me envolvendo. Em 2018, adquiri um pedaço de terra em Águas Claras, Viamão, para a implantação de um pequeno pomar de nogueiras pecans. É conhecida como Estância das Nogueiras. Venho sofrendo bastante, aprendendo muito, buscando alternativas aos desafios que temos com estiagem, pragas e outros problemas.
E como foi o caminho até chegar à posição atual?
Sou formado em Relações Internacionais pela ESPM. E, desde 2018, aprendiz de agricultor. Iniciei minha carreira como estagiário na Secretaria Estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais. Trabalhava no setor de relações consulares, com atividades voltadas à área diplomática. Depois, fui analista de importação em um agente de cargas internacionais, responsável pelo transporte para importadores e exportadores brasileiros. Nessa área aprendi muito sobre logística internacional. Até hoje, a experiência adquirida me ajuda bastante na função dentro da Uniagro.
O que fica sob sua responsabilidade nessa função?
O coordenador de supply chain tem uma posição estratégica em uma empresa atacadista de alimentos. Basicamente, é responsável pela garantia de fornecimento de produto, seja matéria-prima, embalagem, insumos ou produtos já fracionados com a marca. Hoje, há uma oferta interessante de diferentes produtos, sejam frutas ou sementes, em distintos países. Isso faz com que esse profissional tenha como característica importante a busca incessante por novas origens e alternativas. A tecnologia do agro vem evoluindo exponencialmente, fazendo com que um alimento que antes era produzido somente em determinada região, seja produzido do outro lado do mundo. De forma resumida, é indispensável o conhecimento sobre agricultura, economia internacional, política e outras áreas que possam interferir direta ou indiretamente em oferta e demanda. E a logística internacional é um dos braços básicos de toda essa cadeia.
Que habilidades e características são desejáveis para quem busca carreira nessa área?
Como habilidades básicas, destacam-se capacidade analítica, para analisar e interpretar mercados, dados e movimentos, seja do mercado nacional ou internacional. Dinamismo, para identificar e melhor interpretar os sinais que o mundo agro apresenta, e perfil negociador. Essa característica é básica no dia a dia do gestor. Uma boa negociação pode garantir o sucesso na comercialização de determinado item. Ao mesmo tempo que, uma má negociação, dificilmente poderá ser corrigida nas próximas etapas do negócio.
Nas festas de final de ano as frutas secas, uma das especialidades da empresa, são uma constante à mesa. De onde vêm esses ingredientes?
Somos bastante voltados para o mercado internacional, com o foco principal em importação. A linha de produtos com maior demanda nesta época do ano é a de frutas secas. Trabalhamos com passa de uva escura da Argentina, passa clara da África do Sul ou do Irã, ameixas da Argentina ou do Chile, amêndoas do Chile ou dos Estados Unidos, nozes chilenas, damascos da Turquia, pistaches dos EUA, do Irã ou da Argentina e tâmaras da Tunísia. Enfim, é o mundo fazendo parte das nossas festas de final de ano.