A ligação do pai com o agronegócio poderia ter tornado óbvia a escolha de carreira para o administrador Guilherme Lobato. Mas foi por caminhos bem diferentes que a profissão dele acabou se cruzando com a atividade. Da faculdade de Direito, passando pelo ramo de telefonia, o “guri de fazenda” reconectou-se com a produção por meio de uma gigante do setor e hoje tem o desafio de dar amplitude ao trabalho da agtech ConnectFarm. Em entrevista à coluna, conta como a experiência fora contribuiu para que pudesse fazer um trabalho mais completo no setor. Confira trechos.
Diz o ditado que filho de peixe, peixinho é... foi assim na sua trajetória profissional?
Minha história com o agro vem do meu pai (é filho do agrônomo, doutor em Produção Animal e professor da UFRGS José Fernando Piva Lobato). Não posso deixar de falar, por tudo que ele fez pela agricultura. Mas quando chegou o vestibular, fiquei em dúvida do que fazer. Cursei dois anos de Direito, depois fui fazer Administração. Logo nos primeiros estágios entrei na Telefônica, na área de novos serviços de dados. Era um guri de fazenda, meio agrário, que começou a trabalhar com tecnologia. Passei quatro anos lá. Depois, recebi proposta da Claro, para trabalhar na inteligência. Me descobri muito com inovação, tecnologia, intensidade do varejo.
E quando foi a virada de chave que te levaria para o agro?
Em 2009, estava procurando trabalhar na área comercial de varejo quando recebi a ligação de um amigo, que trabalhava na Monsanto (hoje Bayer). Buscavam alguém que não fosse agrônomo para a área comercial. Fiquei muito entusiasmado, julguei que se quisesse trocar de carreira, a hora era aquela. Foram dois anos na função até receber a proposta para ser gerente de marketing na área de biotecnologia de soja. Fiz parte do time de lançamento da segunda geração de soja transgênica, a Intacta. Depois, fui para cultura do milho, passando também pela área de sementes. Em 2020, recebi convite para atuar no negócio de soja da Syngenta, no Brasil e no Paraguai.
Como foi o desafio de atuar nos negócios do setor sem ter formação técnica na área?
Tinha o background analítico, de negociação e consegui agregar isso à equipe na época. E, estabeleci como troca, o conhecimento técnico. Claro que a empresa proveu, tinha um conhecimento técnico fantástico. Mas interna e externamente, tive de correr atrás. Adoro ler e acho que isso me ajudou. Estou para finalizar o mestrado em Agricultura de Precisão. Em 2018, me inscrevi na Singularity, universidade no Vale do Silício, nos EUA, com experts em tecnologia, robótica.
Agora tens um novo posto...
Minha função na ConnectFarm é liderar o conselho de administração. É uma empresa que caminha a passos largos em ESG. Meu trabalho está ligado 100% à governança e trabalhar estrategicamente os negócios. Tem uma missão importante, de levar a tecnologia para pequenos produtores.
Qual o espaço da tecnologia na agropecuária?
Só estamos no começo. O Brasil tem mais de 1,5 mil agtechs (startups do agro), teve crescimento de mais de 40%. Há enorme oportunidade de integração de dados, porque se trabalha com uma indústria a céu aberto.