No quesito tradição, a carne é um item que põe a mesa nas festas de final de ano, fazendo crescer o consumo de proteína animal nesse período. Para 2021, a dificuldade está em saber se e quanto será o apetite extra por produtos como aves natalinas, pernis, lombos e carne de churrasco. Dúvida que vem da atual conjuntura, em que a combinação de custos em alta com perda de poder aquisitivo pode pesar na hora da decisão das compras.
– Se esperava um crescimento em torno de 3% no consumo na prateleira mas, por enquanto, mantém-se estável – pondera Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em relação à carne de aves e suínos.
Diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), Rogério Kerber pontua que há suporte para eventual expansão de consumo: ou seja, tem produto para fazer frente a um apetite maior. A preocupação e a atenção do setor estão em outro ponto:
– Há expectativa em saber qual será o comportamento do consumidor, porque o nível de desemprego continua alto e houve redução do poder aquisitivo da população.
A renda foi corroída pelo aumento desproporcional de custos como transporte, energia, gás, entre outros.
Gastos que também afetaram a indústria, com aumentos expressivos em itens como o milho, usado na ração. Nessa perspectiva, Kerber entende que os preços ao consumidor devem ficar estáveis, e destaca que, agora, estão em patamares inferiores aos de igual período do ano passado.
A entrada do 13º salário e o novo Auxílio Brasil trazem a expectativa de espaço para o consumo crescer, avalia Santin, acrescentando que, nos kits natalinos, que costumam ser comprados por empresas, há leve alta nas vendas.
Ronei Lauxen, presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Estado (Sicadergs), também projeta que o período de festas aumente o apetite. Ele pondera que, além da entrada do 13º salário, a situação diferente da pandemia em relação à do ano passado, deve fazer com as famílias voltem a se reunir um pouco mais, ampliando a procura por carne bovina. A oferta deve estar ajustada.
Depois de um ano de redução – de consumo, operação e cotações –, a indústria estima recuperação nesse período. Com a matéria-prima valorizada nas últimas semanas, a tendência é de repasse na venda ao atacado.