A escalada dos custos foi e continuará sendo o principal entrave para a indústria de aves, suínos e ovos. Ainda assim e, apesar da redução do poder de compra do consumidor, deve navegar por águas de crescimento neste e no próximo ano, aponta a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Projeção da entidade mostra que a carne suína tende a fechar 2021 com a maior expansão percentual em produção: até 6% (veja o gráfico). Cenário alimentado por uma exportação que segue avançando, com alta na casa de dois dígitos. E se é verdade que o ritmo desse aumento diminuiu em relação a 2020, também é que a China mantém o apetite pelo produto brasileiro – foi destino de 52% dos embarques da carne entre janeiro e agosto deste ano.
Além disso, a perspectiva de abertura de novos mercados, como o do Canadá, é outro fator que embasa o otimismo.
Dentro de casa, os indicadores também são positivos, com oferta e consumo per capita maiores.
– Mesmo com as exportações, não teve redução de oferta no mercado interno – destacou Ricardo Santin, presidente-executivo da entidade.
No frango, há igual projeção de “consistência” de crescimento para 2022. E se no Rio Grande do Sul o primeiro semestre foi de ajustes no volume processado – estratégia de algumas empresas para driblar o aumento dos gastos –, no país os abates aumentaram, com o impacto dos custos aparecendo mais no segundo semestre. Por ora, sem comprometer a estimativa do ano, ainda que tenha havido um leve reajuste para baixo no aumento da produção.
Medidas como a isenção da tarifa externa comum (para aquisição de milho de fora do Mercosul) e isenção de PIS/Cofins nas importações são encaradas como uma espécie de trava na valorização do grão. Componente da ração animal, subiu 154% entre janeiro de 2019 e agosto deste ano. E a soja, 133%. Os dois respondem por 70% da composição dos custos.
– Fez com que o setor tivesse alguma estabilidade e com que parasse o processo especulativo – avalia Santin, acrescentando que muitos negócios de exportação do milho foram desfeitos, o que deve “colocar uma nova safra de milho no nosso mercado”.
De toda forma, os custos, que também começam a afetar concorrentes do Brasil, devem se manter elevados até a safra de 2022. Mas a reacomodação de preços quando da maior oferta do grão será em novo patamar, pondera o dirigente. Nessa perspectiva, a necessidade de novos reajustes no produto final não é descartada.
– Não é uma reação imediata (medidas para conter custos), depende da capacidade de cada empresa – diz Santin.