Com o time completo dos oito frigoríficos de carne suína aptos a exportar para a China, o Rio Grande do Sul começou o ano com o pé direito – e um passinho à frente do Brasil. O crescimento das exportações gaúchas da proteína nos primeiros dois meses foi acima da média nacional. As mais de 40 mil toneladas embarcadas pelo Estado representam alta de 28,74% em relação a igual período de 2020. No país, o avanço foi de 6,12%.
Para José Roberto Goulart, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), alguns fatores explicam esse resultado:
– Estamos arrancando o ano com as oito plantas (habilitadas no território gaúcho) embarcando para a China. O dólar atrativo, e o mercado interno com demanda retraída também levam as empresas a escoar para o mercado externo.
Estado que tem metade do total de frigoríficos brasileiros habilitados para vender ao país asiático, o RS teve duas unidades suspensas no ano passado – a BRF de Lajeado e a JBS de Três Passos. Ambas tiveram aval para a retomada dos negócios. E, com o time completo, a expectativa é de que se possa ter resultado cheio.
E como o crescimento de embarques se repete nos outros Estados, a aposta é em resultado pelo menos igual, podendo ser maior do que o obtido em 2020, quando o Brasil alcançou a marca histórica de mais de 1 milhão de toneladas. Comprador importante e principal destino, a China dá sinais de recrudescimento dos casos de peste suína africana, doença que afetou em cheio esse e outros países asiáticos. O indicativo é de que se trate de uma cepa variante.
– Nesta semana, a demanda chinesa tem vindo com força – completa Goulart.
Apesar de os chineses – e asiáticos – puxarem a frente, outros mercados também engrossam o volume das exportações, observa Ricardo Santin, presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA):
– Tem um bom destaque na América Latina, onde o Chile foi o principal importador, além da Angola, na África, comprando mais do Brasil.
Com custos de ração, embalagens e frete em alta expressiva, a melhor remuneração do mercado externo é um recurso para equilibrar as contas já que internamente, o poder de compra está fragilizado.