Há mais coisas entre o benefício fiscal na importação de milho e a redução do preço do frango do que supõe a medida. Na prática, a isenção do PIS/Cofins determinada por medida provisória traz a opção para que as empresas tentem reduzir a pressão dos custos, mas não é a garantia de proteína animal (ave, suíno, ovo e leite) mais barata para o consumidor. Por ora, a avaliação é de que ainda não se pode mensurar o alcance da concessão anunciada ontem pelo governo federal.
– Se houver um movimento de busca desse milho, deve reverter em custo de produção menor. Mas é muito cedo pra avaliar. O setor ficou muito tempo nessa situação e foi se adaptando – observa José Eduardo dos Santos, presidente-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
É uma referência às estratégias para driblar o aumentos das despesas – o custo de produção do frango subiu 44,27% em 12 meses, segundo a Embrapa Aves e Suínos. Como a redução, em média de 25%, no volume de abates adotada por empresas e cooperativas.
Diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do RS (Sips), Rogério Kerber reforça que a medida é bem-vinda e “acalma o mercado”, mas avalia que o efeito é limitado:
– Ajuda, mas não tem repercussão tão expressiva, porque as empresas que são exportadoras já usam o sistema de drawback (isenção do pagamento do tributo com a contrapartida de que seja usado para a produção de item destinado à exportação).
Para os suínos, o custo de produção em 12 meses acumula alta de 41,17%. A nutrição, onde entra o milho, que é ingrediente da ração, foi o item que mais pesou, assim como no frango.
– Embora seja uma conquista paliativa, dá um alívio para os produtores, que estão esgotados diante de todo esse custo elevadíssimo de produção – completa Santos.
Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) pontuou que a medida deve contribuir “na contenção das sequentes altas históricas do milho, que têm gerado forte elevação nos custos totais de produção, com consequente elevação de preços para o consumidor brasileiro e perda de competitividade no mercado internacional”.
– Vai ajudar a evitar novas ondas de especulação no milho e a reequilibrar o fornecimento e o abastecimento ao consumidor brasileiro – afirma Ricardo Santin, presidente da entidade.