Há mais coisas na composição do preço do boi do que a presença - ou ausência - de um comprador de peso. É o que evidencia o momento atual da pecuária de corte no país e no Estado. Combinados, fatores como restrição da oferta e leve reação do consumo no mercado interno ajudam a explicar esse movimento. No Rio Grande do Sul, a curva deve se manter em ascensão pelo menos até a primeira quinzena de dezembro, estima Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro/UFRGS). Ele não vê, no entanto, espaço para repasses nos valores da carne ao consumidor.
Acompanhamento semanal do Nespro mostra que, da primeira semana de novembro para cá, o preço médio do boi gordo no RS subiu quase 6%. Começou o mês cotado a R$ 10,05 o quilo e estava a R$ 10,64 na última segunda.
- Diminuiu a oferta de animais, depois do boom, até 15 de outubro, do gado que saiu das pastagens de inverno - explica Barcellos, acrescentando que, neste momento a disponibilidade vem de exemplares de confinamento, um percentual pequeno, ou de campo nativo.
A melhora do quadro deve ocorrer a partir da segunda metade final do próximo mês, quando começam a ser liberados animais das pastagens de verão.
A melhora no apetite do consumidor e a dificuldade de entrada de carne do Brasil Central são outros componentes dessa alta. Por lá, também há menor disponibilidade de oferta, e o aumento da cotação é ainda maior. Mesmo com a ausência da China, que mantêm as compras suspensas - nesta semana, liberou cargas já certificadas antes da interrupção.