A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço
A chegada do frio intenso foi suficiente para cobrir parte do Estado de geada nessa quarta-feira (28). Em diversas regiões, os campos amanheceram cobertos de gelo. O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar da região de Ijuí, Gilberto Bortolini, fotografou a lavoura de trigo totalmente embranquecida próximo ao município de Ajuricaba, no noroeste gaúcho. Por volta das 7h40, quando parou para fazer as imagens, o termômetro do carro indicava temperatura de -2,5°C. Apesar do amanhecer gélido e do frio persistente ao longo do dia —teve até neve em algumas cidades, o clima ainda não traz preocupação para grandes prejuízos, pelo menos nas lavouras de inverno.
— O frio intenso, para esta época, podemos considerar que é tranquilo pelo estágio das culturas, que estão em período de crescimento vegetativo. Por isso, os danos não são impactantes. Dificulta mais para as pessoas que trabalham no campo do que para as plantações — observa Bortolini.
As lavouras que estão entrando em floração podem ter algum dano, mas a previsão é pequena. Nas olerícolas, os danos não são fortes e as culturas de inverno, como trigo, aveia branca, canola e cevada, suportam bem ao frio.
O presidente da Associação dos Produtores Hortigranjeiros da Ceasa, Evandro Finkler, alerta, no entanto, que a geada afeta a qualidade e a quantidade das hortaliças, o que pode se refletir em preço mais caro para o consumidor final. Grande parte da produção de folhas está concentrada na Serra, onde o frio chega com força.
— Na semana retrasada, quando deu o último frio intenso, já afetou. A alface não está tão graúda como há um mês — diz Finkler.
Outra preocupação passa a ser com os produtos vindos de fora do Rio Grande do Sul, como o tomate. A ocorrência de geada incomum em outros Estados, como São Paulo e Minas Gerais, deve afetar a produção e, consequentemente, o preço do fruto.