A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A onda de frio intenso prevista para vigorar na região Sul pelos próximos dias não será problema para os fruticultores no Rio Grande do Sul. Isso porque a baixa temperatura é benéfica para o desenvolvimento das frutas de clima temperado, como a uva.
— No momento, é só felicidade — diz o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Ângelo Todeschini.
Ele explica que o frio agora, no auge do inverno, é bem-vindo por ocorrer no momento certo. A preocupação passa a ser com episódios tardios, como ocorrência de geada a partir da metade de agosto e em setembro.
— Até agora, os fruticultores estão muito satisfeitos. O receio é se repetir o que aconteceu em 2015, quando a geada alta em setembro levou dois terços da produção das parreiras — relembra Todeschini.
As frutíferas de clima temperado precisam de 50 horas a mais de mil horas de frio abaixo de 7,2 graus, variando conforme a espécie e a variedade. O frio estimula a dormência, que é importante para suportar as baixas temperaturas e iniciar um novo ciclo vegetativo e reprodutivo.
As geadas de forte intensidade na região pedem atenção às variedades superprecoces, como o pessegueiro, que já cumpriram as horas de dormência. Neste caso, a ocorrência de neve é menos prejudicial do que geadas muito fortes e frio de 7 a 5 graus negativos.
Pomares de maçã, uva, pêssego, pera, nectarina, figo, kiwi e caqui são exemplos dos que se beneficiam com o clima gelado.
A temperatura baixa é fundamental para uma brotação mais uniforme e regular do fruto. Quanto mais gemas brotam, mais produtividade e qualidade das frutas. Outro ponto positivo do frio nos pomares é a redução das populações de praga, principalmente a mosca de fruta, presente, por exemplo, onde a laranja está sendo colhida, além da redução de doenças e de ervas infestantes.