Durante muito tempo a qualidade do trigo produzido no Rio Grande do Sul foi colocada à prova. Para ser bom à moagem, tinha de ser da Argentina. Hoje, o cenário é outro, com indústrias se abastecendo do cereal cultivado no Estado. Uma evolução possível diante de um esforço coletivo. E é para mostrar a realidade atual que tem início neste sábado uma campanha de valorização do produto gaúcho.
– Temos trigo no Estado tão bom quanto os argentinos, e os moinhos vêm atrás desse trigo.
A gente quer que o povo gaúcho se orgulhe. Quando o consumidor acredita mais, valoriza, isso se reflete no cultivo – entende André Cunha da Rosa, diretor da Biotrigo Genética, idealizadora do projeto, apoiado por entidades do setor, inclusive da indústria.
A evolução do trigo foi possível com o trabalho de muitas mãos, observa Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro-RS):
– Da pesquisa, dos obtentores, do produtor, que a campo evoluiu muito. Hoje, não devemos nada ao produto importado.
O Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de trigo do país. O volume processado em 2020 por moinhos do Estado ficou em torno de 1,8 milhão de toneladas. Presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo do RS (Sinditrigo), Rogério Tondo diz que tem havido uma gradual diminuição da participação do cereal importado na mescla:
– O fator determinante foi a melhoria significativa dos trigos gaúchos, com relação à qualidade da farinha de panificação exigida pelo mercado. Há 10 anos, o percentual de trigo importado era quase 30%, chegando a ter picos de 50%. Em 2020, atingiu o menor índice, entre 15% e 17%.
E a farinha produzida agrega valor e traz benefícios à economia — cerca de 50% da farinha é vendida a outros Estados.
– Se o local é bom, por que vou valorizar o produto de fora? –resume Rosa.