Carro-chefe da produção agrícola brasileira, a soja tem hoje a maior fatia de participação no mercado de produtos biológicos no Brasil. A cultura soma 46% do faturamento de biodefensivos, aponta levantamento da Blink Projetos Estratégicos apresentado nesta segunda-feira (19) pela CropLife Brasil. E promete ajudar a impulsionar a expansão do segmento para 2030, quando se prevê um salto de 107%, com uma cifra de R$ 3,7 bilhões.
— É uma grande mola motriz e de inovação. É natural que a indústria e todos os players acabem privilegiando a cultura em um primeiro momento. A soja acaba sendo uma porta de entrada. O ciclo natural é o desdobramento dessas soluções para outras culturas também — observa Lars Schobinger, sócio-diretor da Blink, ao comentar sobre a razão para a expansão do uso de biológicos na cultura.
Juntas, as grandes culturas como soja, milho, algodão, café e cana-de-açúcar, respondem por 80% desse mercado que soma sete categorias de produtos (bionematicidas, bioinseticidas, biofungicidas, tratamento de sementes, parasitoides, semioquímicos e predadores). Quando o assunto é taxa de adoção, o melhor desempenho está nos hortifrúti.
Hoje, existem opções biológicas disponíveis para um terço do mercado potencial. Mas há espaço para crescer. Em 10 anos, pode-se chegar entre dois terços a três quartos do mercado tendo produtos biológicos como opções de controle dentro do manejo.
— Do ponto de vista técnico, já poderia ser muito mais do que um terço do mercado. O que ainda existe é uma condição de se chegar a uma escala comercial que viabilize o uso da tecnologia — pondera o sócio-diretor da Blink.
E se foi a partir de produtores mais inovadores, com maior acesso à tecnologia e potencial de investimento, que a introdução da ferramenta começou, atualmente está em evolução para o médio e o pequeno produtor. E o preço não é considerado o principal diferencial, mas sim, a eficácia, que cria uma grande fidelização dos usuários, pontuam os especialistas.
Diretora-executiva de biológicos da CropLife Brasil, Amália Borsari, vê os biodefensivos como opção.
— A perspectiva não é de substituição, mas sim, de uma atuação em conjunto. Existem produtos químicos e biológicos sendo desenvolvidos juntos — reforça Amália.
O Brasil tem hoje 433 produtos biológicos registrados, 35% deles nos últimos três anos. A diretora da CropLife Brasil lembra que a regulamentação veio apenas entre 2006 e 2008, com a ocorrência da lagarta Helicoverpa armigera, ameaça às lavouras de soja, sendo um grande acelerador do desenvolvimento de produtos.