Ao tomar posse na tarde desta terça-feira (30) como nova secretária da Agricultura, Silvana Covatti, 57 anos, tornou-se a primeira mulher a comandar a pasta. Recebeu o cargo das mãos do filho, Luiz Antônio, mais conhecido como Covatti Filho, em cerimônia no Palácio Piratini. Na cerimônia, falou sobre o desafio de "encarar uma secretaria que é o PIB do Rio Grande do Sul". Natural de Frederico Westphalen e em seu quarto mandato como deputada estadual, vem de família tradicional na política. Além do filho, que retorna ao seu mandato como deputado federal, o marido, Vilson Covatti, foi vereador e deputado estadual e federal. Em entrevista à coluna, Silvana falou sobre o que deve tratar como prioridade. Confira trechos.
Como enxerga o fato de ser a primeira mulher a assumir a Secretaria da Agricultura no Rio Grande do Sul?
Vejo que é um fortalecimento dos espaços que a mulher está ocupando. O protagonismo como presidente da Assembleia, agora a primeira mulher a assumir a Secretaria da Agricultura. É um setor que tem muita participação masculina. Trinta milhões de hectares são administrados por mulheres, mas ainda somos poucas nessas questões de administração, em cargos de comando. A mulher, a vida toda, é movida a garimpar o espaço, a buscar que as pessoas a enxerguem. Somos movidas a superação, nos superamos a cada dia. Quando assumi a Assembleia, foi um ano muito movimentado, de projetos polêmicos. Agora, na secretaria, é um grande desafio porque vou lidar com agricultores, com produtores de alimentos. Tenho de estar propondo políticas públicas, porque o PIB do Estado é através do agro. Vou ter de me puxar. Não sou oriunda da agricultura, mas sou filha do interior do Estado, que é agricultura. E ando o Estado inteiro.
A senhora vem de uma família tradicional na política. Seu marido (o ex-deputado federal Vilson Covatti), seu filho, Covatti Filho, que agora lhe passou o cargo. O quanto isso ajuda e o quanto atrapalha no novo cargo?
Passei por isso quando assumi a presidência da Assembleia (em 2016). As pessoas pensavam "é o marido que vai comandar". Esse era um dos desafios que eu tinha, de mostrar que eu era capaz, que eu estava assumindo aquele posto, que tinha de dar satisfação do trabalho, das metas a seguir, do foco. Agora eu tenho o desafio duplicado, com o filho. Realmente, será um dos tremendos desafios, porque é um jovem, né? Que transitou e transita em todas as áreas. Vou tentar com leveza, com responsabilidade, mostrar que tenho condições. Sou uma mulher que tem posição. Se não sei vou buscar saber. Não tenha nada que eu não possa aprender ou que eu não possa ensinar também, né? E eu sei da importância da agricultura para o nosso Estado.
Qual a participação do seu marido e do seu filho, como podem ajudar?
É com o apoio. Quando o Luiz Antônio (Covatti Filho) recebeu o convite do governador a gente só deu o apoio, porque não podíamos estar lá junto, tomando as decisões, se metendo no trabalho dele. Porque eu tenho o meu, na Assembleia, e o Vilson, o dele, está advogando. Nós vamos ter o apoio um com o outro, apoio familiar. Quando assumi a assembleia, todo mundo achava que “ia consultar os universitários”, que era ele. Claro, temos toda a experiência de vida juntos. Somos casados há 38 anos, a vida pública fizemos juntos. Sou fruto dessa união nossa. Mas não dá tempo. Vou ter uma assessoria, vou ter de tomar decisões e tocar. Me preparei muito para isso na Assembleia, na presidência e vou consultar as entidades, que é muito importante.
Que diferença vê entre seu cargo no Legislativo e a nova posição, no Executivo?
Vou ter de executar, buscar recursos. Por exemplo, essa questão da seca, que acompanhei de casa, como deputada. O Covattinho passou por uma seca, depois deu temporal, teve os gafanhotos. Vejo que o meu papel é buscar recursos, atender os setores, que são vários, e ter atitude, ir atrás. É diferente. Minha atuação como deputada é uma, agora como secretária é outra. Muito grande, para as mulheres exige-se mais. E olhar a confiança depositada.
Vai assumir a pasta, como observou o governador na posse, na metade final da atual gestão. Quais serão as prioridades, o fio condutor nesse momento?
Hoje, o que está em voga na Assembleia é a irrigação. Temos de dar condições aos agricultores, buscar linhas de crédito, projetos. Ontem na minha primeira conversa com o chefe da Casa Civil e o governador eu disse para eles que vou buscar. Essa questão da internet no meio rural. Na pandemia, o que salvou foram os encontros virtuais. Então como não vamos levar isso para as propriedades rurais? Trabalhar também essa questão educacional. Outra coisa que é um assunto muito importante é a fome, a alimentação. Tenho de trazer alguns programas para minha secretaria para isso.
O que ainda dá para fazer de diferente em relação à irrigação?
Há um projeto pronto novo que está sendo apresentado ao governo. Amanhã (quarta-feira) vou estar na secretaria para a transição propriamente dita. É uma das coisas que vou dar atenção. E o investimento, temos de proporcionar ao produtor esse investimento. Temos de dar os mecanismos.